Explicações!

Andei um bom tempo egoista. Escrevi só pra mim e só eu saboreei meus textos. E quando menos esparava e vindo de onde eu menos esperava, me cobraram explicações: "Tu abandonou o blog?"
Não, mas achei que ninguém mais lia.
Agora que sei que alguém lê, volto a publicar minhas confusões mentais.
Aproveitem (ou não).
Sal.

Metade


Será mais complexo.

E talvez desconexo.

E talvez você ache feio,

Mas,

Vou tentar...



Não me olhe com esses olhos verdes assim.

São verdes como a esperança.

Chega!

Olhe para lá!



Ah, não. Não me olhe com esses olhos verdes assim.

Verdes como manga com sal,

Sabor estranho!

Salivo.



Não me olhe com esses olhos verdes assim!

Cor de erva, maresia e sono.

Pare!

Olhe para mim!



Não gosto quando me vê

Sem roupa, sem carne.

Não quero ficar tão nu.



Vamos ver um filme, venha.

Sente no sofá comigo.

Use meu moletom azul.



Vamos embora comigo?

Só vou perguntar quatro vezes.

Ah, não. Não me olhe como Alf, o sedutor.

Diga que vai.



Não me olhe como um robô michê de AI.

Vire esses olhos verdes pra lá!

Diga que vai.



Vamos, faça uma invasão de domicílio.

Chegue perto demais. Mais “Closer”.

Algo como o amor não tira férias.



No fim, eu só queria um beijo roubado.

Hum. Vamos mesmo?

Choverá, abrirei o guarda-chuva pra você.



Caminhe comigo, pendure as roupas no varal.

Ponha o moletom azul.

Tire o moletom azul.



Deite comigo.

Não! Não olhe com esses olhos verdes no travesseiro.

Feche os olhos.

Pense em mim como algo passageiro.



Hum. Abra os olhos!

Deixe que a noite entre e saia.

Me olhe. Me beije. Me abrace.

Abra os olhos pra mim.



Estou confuso com tudo.

Posso ganhar só um abraço?

Tem alguma rosa pra mim?

Quem sabe, duas?



Será mais complexo.

E talvez desconexo.

E talvez você ache feio,

Mas,

Vou tentar...



Tem alguma rosa pra mim?

Quem sabe, duas...

Metade?

Belém, blém...


Por quem os sinos dobram?

Os sinos...

Doces meninos,

Dobram em Belém.



Mas se eu dobrar a esquina,

Curva pequena.

Dobro em você.



É só subir aqui,

Que eu desço ai.

E as sacadas serão os palcos.



Por que os sinos dobram?

Aí, jamais saberemos.

Por suaves venenos,

Vinhos argentinos ou chilenos?


Pontes-aéreas,

Pontes sobre mares,

Ou rios em todos os lugares,

São meros espectadores.



Os dias se passaram,

As mãos se passaram,

As tias continuam nas janelas.



E foram botos, açaís e patuás.

E foram bois e bumbás.

E foram, cada qual para seu norte

E sul.



Mas ficou algo.

Um gosto amargo de crueldade.

O seco do vinho na boca.

O aperto de uma cama pequena.



E fincou algo.

Um espinho que machuca.

Uma mordida na nuca.

Um adeus velado e cru.



Será que volta?

Os sinos da igrejinha da esquina

Não pararam de tocar.

Nem as águas, dos rios e mares,

Pararam de correr.



E como janeiro é mês de chuva no país,

Talvez volte com as águas,

O gosto cruel da boca seca de vinho.

Christy em Sal


Como um bom christão,

Cerro os olhos e rezo.

Ponho as mãos em palmas e

Penso em minh’alma.



Penso em teu sangue,

Escorrendo por minhas mãos,

Que lambo suavemente,

Pensando em teus dons.



Como Christy em cruz,

Abro os braços

Pro teu abraço,

Em sol, em luz.



Nem santo, nem demônio.

Nem Pedro, nem Judas.

Tenho outro nome,

Outros erres, outros as.



Sou teu filho,

Sou teu pai.

Sou teu amor.



És minha dor,

És meu ai,

És o gatilho.



E sempre que atira,

É em mim que acerta.

Não sei se flerta

Com a mira.



Mas o sangue é meu,

Escorrendo por tuas mãos.

Que suga como ateu,

Pensando em meus dons.



Christão, serei eu.

E Sal será teu chão.

E os pés descalços,

Em carne pisarão.

O universo goza você


Tenho imagens mentais confusas.

Vejo você dançando em volta de uma árvore,

Vejo a lua, anzol pescando estrelas.



Sonhos coisas escusas,

Vejo você dançando sem roupa,

Vejo a lua, nua, louca...



E as estrelas?

Ah! As estrelas piscam,

Mini-orgasmos pulsantes

Ou um orgasmo gigante.



O Universo goza você.



Tenho imagens confusas.

Ingênuas, sacanas, obtusas.

Vejo você...