tag:blogger.com,1999:blog-26413719734233003822024-03-05T04:16:01.186-08:00crônicas de uma mente estérilSabe aqueles dias em que você pensa muito e fala pouco?
Esses dias são os poucos dias férteis, e são eles que adubam minha mente. Será por causa desses dias que você poderá ler meus textos, porque minha mente em si é estéril.Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.comBlogger47125tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-76449922848392564162014-11-09T22:24:00.000-08:002014-11-10T00:30:58.468-08:003 letras?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirWyUdXuaRwwyXMlMSOXaW6PRjy7XZ6xV5_oy03n7ue46bDOpg0L0ZjXWNMp19poLNQpBjC_ZfUvYRLz1o_K8c1bppLymp9zTBoFnloiMfhtQQUhtDNO0_GQXn-hbxz_ZJ6WpAlEZXPPk/s1600/10154941_10205199709698376_1534295673536083515_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirWyUdXuaRwwyXMlMSOXaW6PRjy7XZ6xV5_oy03n7ue46bDOpg0L0ZjXWNMp19poLNQpBjC_ZfUvYRLz1o_K8c1bppLymp9zTBoFnloiMfhtQQUhtDNO0_GQXn-hbxz_ZJ6WpAlEZXPPk/s1600/10154941_10205199709698376_1534295673536083515_n.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Dentre todas as formas pelas quais eu poderia te conhecer,
foi pela torta; a porta entreaberta de nossas vidas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez não, talvez, mais tortos, impossível fosse!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Seria apenas mais um dos meus desejos brancos, ou loiros, ou
de olhos claros!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sim, se não fosse como uma bailarina cubana ou uma prática
chinesa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se não fosse uma beleza distinta do que, aqui, se tem!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Seria apenas branco, loiro e de olhos claros!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Seria um nome que se esconde, como se nunca alguém, por
maldade, me dissesse que tem mais do que 3 letras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E que sejam seis, como o meu. Ainda assim, seria torto, tido
por errado e confuso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E se não fosse nada disso, talvez não tivesse meu sorriso
aberto, as 5 horas da manhã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não teria meu abraço na sacada, em dia de lua cheia, com um
disco na vitrola, que me prende.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não teria um cachimbo 'foucaultiano' na mesinha feita de restos.
Não teria nada de mim, além do mínimo que
situo nos espaços que me permito ir. Se!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Passo dias sorrindo, sem lembrar quão errado isso tudo
começou. Sem pensar em Cristhos e Joãos! Entre nós, Madalenas são melhores
vindas!!!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre nós, não há espaços de passados! Acho que nem futuros! (Ainda que doa!).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas há presentes! E como não abri-los?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Como não desembrulhar tudo ao som do 'The Cure', quando você diz:
- Essa música me lembra muito você! - E enfia
um “Boys don’t cry” na minha mente! E logo depois, me beija com Fleetwood Mac! Com
uma linda no banco de trás. Enquanto tento beijar teu rosto, e você se vira
rápido contra minha boca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Afinal, que gaúcho é você?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Que tem medos muito gaudérios, mas que se abre ao acaso,
como eu. Que em caso de dúvida, grita para as loiras, morenas e negrxs; que de
formas diferentes e injustificáveis conheci antes de você. Como se elxs pudessem te
salvar de ti mesmo! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Que demônio sou eu? Que cai sobre ti, para te quebrar as
pernas, trocar o lugar de corações e baços! Nada que nenhum chinês não tivesse
feito antes!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Perco-me! Parco sou! Perverso e pífio! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Caos! Quem é você?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ing (iang). Quem é você?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
.t., quem é você? Que ainda precisa se esconder entre
detalhes?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu te falei que a banda era de 1970, assim como eu!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nem sempre é fácil assumir que o tempo passou, que os
espaços voltaram, mas eu segui!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E, juro, segui, não corri atrás, apenas segui! Foi o acaso que
me trouxe, de várias formas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre seres que me fizeram sorrir, entre momentos que me
fizeram chorar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Momentos tortos, como se impossíveis fossem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas não foram. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Gringo, colono, cubano, chinês, o que dizer?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que sinto atração por vitrolas, ou seres que as amam!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Acho que sinto atração por você!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E afirmar isso é complexo, caótico. Afinal, tenho pontos e
virgulas nas minhas histórias que pularão
ao saberem disso (ou não, mineiros são bem quietos). Mas, se afirmo isso, seu
colono, é porque entendo que precisamos de pontos finais; virgulas e
reticências. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas, antes de tudo, precisamos de tempos presentes. Sem passados,
sem futuros, sem medos! (Um francês me disse isso certa vez!).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu preciso cair! E se não houver braços que me segurem,
quebro-me, desmonto-me. Mas vou me juntando, já falei isso no “Frio de junho” (nossa,
foi em 2012, e o livro ainda não saiu).</div>
<div class="MsoNormal">
Sigo me desmontando, peça por peça, (hoje) órgão por órgão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sem medo de ser ridículo! Sem medo do tempo! Sem medo de
nada e de onde eu possa caber!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se hoje, ao menos hoje, eu sinto vontade de dizer, melhor do que esperar!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Amanhã será outro dia, e Londres nos espera em dias
diferentes!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mesmo que, em outros tempos, eu também tenha tocado sinos em
Belém (nossa, viver é cheio de autorreferencias), não sei a que ponto ele pode
sentar e escrever que seus órgãos não fazem diferença ou que essas linhas
cruzadas são lindas, tão lindas quanto seu ouvido no meu peito sem estetoscópio!
Ainda que o seu não seja o mais caro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Afinal, para ouvir as batidas desse coração, não é preciso
do mais caro, acho que basta um ouvido atento, um sorriso aberto e um cafuné!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E tudo aqui, entre nós, termina sem nome, com 3 ou 6 letras!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Espero que não termine!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Quando é assim, tudo torto, espero que não termine, e que seja,
e que dure!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Até... <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
.t.<o:p></o:p><br />
SAL</div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-75760806893920327572013-11-18T14:31:00.002-08:002013-11-18T14:31:28.702-08:00Eu sou<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /><div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiacQD9sMqfyPcR2WhRVVZa0SyX1Y4DlYZmexO9qe-dutSkXKqF1qd1iLt1vju3IwckFneXCeoueIhzbpPNDow9vZla4DRfNvOJFSKDjJFai3vNbUhUAkVFyppwJ8uXgpvO31MmPo0s9gk/s1600/IMG_3818.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiacQD9sMqfyPcR2WhRVVZa0SyX1Y4DlYZmexO9qe-dutSkXKqF1qd1iLt1vju3IwckFneXCeoueIhzbpPNDow9vZla4DRfNvOJFSKDjJFai3vNbUhUAkVFyppwJ8uXgpvO31MmPo0s9gk/s320/IMG_3818.JPG" width="213" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou a puta que todos sonham em ser, mas o pai nunca
deixou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou o anjo que ninguém nunca beijou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a faca que corta a carne e faz sangrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou o filho que todos querem ter, mas abortaram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a porra que foi para o ralo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a faca que corta a carne e faz sangrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou a dor que todos querem ser, mas o remédio evitou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a febre, a coceira, o ardor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a faca que corta a carne e faz sangrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou a alma que todos tentam tocar, mas não enxergaram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou os óculos 3D para amar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a faca que corta a carne e faz sangrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou o deus da guerra, mas sem armas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou paz, a inércia, sou calma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou a faca que corta a carne e faz sangrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu sou o sangue que escorreu, mas ninguém quer limpar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou o pano, alvejante e o lavar.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Sou a faca, a carne e o sangrar.<o:p></o:p></div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-83741842907009223122013-11-18T14:03:00.002-08:002013-11-18T14:03:39.850-08:00Digressões <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFKyg6uf1F-FJyfyd6xPPrKqpsdWOFAgWmy6pPdVASX7bY_AkHjJvSY43cZwmveTsmhQL-FXa4RxzjWf2-8g3z5RpOXpRFITMygSGsUcHpjkP0zDy5Hu7JIRDSRZkQ8kAQnHuGPX7Kuc/s1600/IMG_1180.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdFKyg6uf1F-FJyfyd6xPPrKqpsdWOFAgWmy6pPdVASX7bY_AkHjJvSY43cZwmveTsmhQL-FXa4RxzjWf2-8g3z5RpOXpRFITMygSGsUcHpjkP0zDy5Hu7JIRDSRZkQ8kAQnHuGPX7Kuc/s320/IMG_1180.JPG" width="320" /></a></div>
Estranhamentos e enfrentamentos. <br />
Enfrentar o estranho que se posta no espelho toda vez que passo por ele é tarefa árdua. Pior é enfrentar o estranho que habita em algum canto do coração! <br />
Estranhos somos nós! Tanto eu quanto ele! <br />
O único comum nessa estória é o próprio coração, personagem carcomido pelo tempo como páginas amarelas de uma lista telefônica!<br />
<div>
...</div>
<div>
Assim, ando me impondo restrições sobre a virtualidade! Tentando me desconectar dessa realidade que parece superficializar as relações. E sabe o que é mais divertido nisso tudo: notar que quase não há relação interpessoal além disso! <br />
Inclusive aquelxs que me puxam a orelha quando transformo minha vida em um espaço de leitura aberto não se preocupam em estreitar comigo um outro tipo de diálogo! <br />
E o que se impõe é uma estranha sensação de solidão que tento superar com o café, cigarro e leitura!<br />
Pois é, começo a acreditar que a internet é uma adaga sem cabo, ao segurá-la é inevitável não se cortar ao desferir golpes em sentimentos invisíveis! Uma adaga que todxs seguramos com força, aquelxs que usam ou negam, todxs!<br />
Até porque a superficialidade está com a mesa posta, sentadinha, esperando por nós, cheia de dentes afiados. E não se engane, nós somos o prato principal!<br />
Sendo assim, lá vou eu ser devorado pelos convidados da ceia: superficialidade, solidão e individualismo!<br />
De nada vai adiantar espernear, a adaga já cortou a carne e os convidados já salivam!<br />
Nós mesmos nos servimos como prato dessa refeição suculenta que chamamos de vida!<br />
Boa digestão!</div>
<div>
...</div>
<div>
Se comparamos o romance impresso <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
e a internet, vemos que o romance não tinha a pretensão de ser interativo! Ainda não tem, creio eu. A interatividade virtual da internet (como meio de comunicação) esconde os convidados da ceia, os quais citei. Estão todos ali, mas parece que somos nós (cada um/uma, rodeadxs de outros nós; entendidos aqui pela dupla significação do termo: ora plural, ora fios enredados) sentadxs à mesa. E, com esse ar de coletivo, não passamos de individuais, sentadxs ridiculamente sozinhxs, servindo vinhos e caviares, espumantes e peixes ao molho de manga. Servimos praias, rios e florestas. Servimos lindas imagens nossas e lindas frases a convidadxs que não passam de merxs observadorxs. Alguns/algumas, rarxs, servem lágrimas ou sangue. Outrxs, ainda mais rarxs, servem orgasmos. Mas minha percepção hoje está alterada, porque não vejo mais convidadxs à mesa, apenas observadorxs desatentxs que nem notam que retirei suas taças e pratos. Seguem sentadxs por pura inércia. Sorrindo e achando que estão sendo servidxs. E, então, sorrio eu, oferecendo o nada! Xs poucxs que notarem que retirei garfos, facas e comida, logo saem da mesa. Afinal, qual o interesse em uma vida repleta de nada?</div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-73668971121615367212013-10-09T11:59:00.001-07:002013-10-10T00:28:28.305-07:00Garagem de sonhos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE29xVsIemMsRpQFNgZFei_zen0gR3186YnT7uMGocP3TinVBRdDvVki0TPryuj1_KXec9_kupNioRrcNAJahViegYtznoeaJd3lO5vzXkC9czm68Sqt19d0YyLHJ2JnUHbncr19VQKSY/s1600/IMG_0756.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE29xVsIemMsRpQFNgZFei_zen0gR3186YnT7uMGocP3TinVBRdDvVki0TPryuj1_KXec9_kupNioRrcNAJahViegYtznoeaJd3lO5vzXkC9czm68Sqt19d0YyLHJ2JnUHbncr19VQKSY/s320/IMG_0756.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Odeio acordar assim, assim: vazio e completo.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Levanto-me, arrasto-me até um espelho e olho no fundo dos olhos em reflexo.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Dias em que lembranças me enchem, que o coração transborda, que a mente voa.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Sinto-me só, sinto amores que rondam, sinto amores que somem.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Sinto muito!</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><br />Parece não haver espaço para dentes, e o sorriso fica recolhido em uma garagem de sonhos estacionados e empoeirados.<br />Amo acordar assim, assim: completo e vazio.<br />Distâncias se somam e dão voltas pelo planeta. Pessoas que quero aqui, pessoas daqui que me têm longe.<br />Um passageiro que se olha pela janela, misturado à paisagem que o vidro separa.<br />Tão mesmo, tão distinto.<br />Sem saber se choro ou entro no banho, sem saber se amo ou se me amam, sem saber se quero ou sou querido, sem saber conjugar o verbo querer.<br />E querendo!<br />Vendo rostos que se misturam e entram por meus olhos.<br />São rostos tão diferentes, com sorrisos e gemidos, com olhos que se contraem enquanto me seguram pelos cabelos, com mordidas entre lábios.<br />São plurais e singulares.<br />E são muitos.<br />Sinto-me só, sinto amores que rondam, sinto amores que somem.<br />Sinto muito!<br />:')</span></div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-2310634187212835222013-08-26T20:53:00.000-07:002013-08-26T20:53:07.532-07:00Entendimentos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHzbW-7cx2gtcRkJw2ArmPk8SS4nTqDa4f5jWTUCOLupEyy7SsiLJJs8U1HjzTu0_1fy-oT6dWp8Uhbb5JGNzNAHORRmHr5t6eGCEkA0T7WkbE9o1gP_WZiGjZcy1uiheUGUHmu2kUOUQ/s1600/IMG_0389.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHzbW-7cx2gtcRkJw2ArmPk8SS4nTqDa4f5jWTUCOLupEyy7SsiLJJs8U1HjzTu0_1fy-oT6dWp8Uhbb5JGNzNAHORRmHr5t6eGCEkA0T7WkbE9o1gP_WZiGjZcy1uiheUGUHmu2kUOUQ/s320/IMG_0389.JPG" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /><div class="MsoNormal">
Se eu pudesse entender,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Juro que me sentaria bem pertinho do fogo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E jogaria nele as dúvidas, uma a uma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Começaria entendo porque você chegou,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Já que poderia ter ido a outro lugar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Seguiria entendendo porque ficou, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pelo mesmo motivo anterior.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E terminaria entendendo porque se foi.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse, de todos os momentos, foi o que menos entendi.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Bateu uma porta, cuspiu uma lágrima, bradou um ‘eu te amo’...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E se foi! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Deixou-me em pedaços sombrios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Desconexas partes, que ainda hoje não se imbricam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se eu entendesse...<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Eu poderia te entender!<o:p></o:p></div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-88617876608628932262013-08-18T19:55:00.003-07:002013-08-18T19:55:51.841-07:00Eu vivo de amores!!! <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHxr1fQnMsXdbs13xpKKtyXJ0JKrYo0BJzojh_XkF16h0gyBVHBDU5RIcWcbN30CSow8nAD6uY6CmQqo51d0tNtlCKXo1bMl-NPcWnnNx8U4PimZ7cGp0tzIlTuPJVlBkTPXdwIHsbt3Y/s1600/604901-7874-it2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHxr1fQnMsXdbs13xpKKtyXJ0JKrYo0BJzojh_XkF16h0gyBVHBDU5RIcWcbN30CSow8nAD6uY6CmQqo51d0tNtlCKXo1bMl-NPcWnnNx8U4PimZ7cGp0tzIlTuPJVlBkTPXdwIHsbt3Y/s1600/604901-7874-it2.jpg" /></a></div>
<br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Eu vivo de amores!!! </span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">...</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Amores que duram uma noite, amores que duram semanas, amores que duram 2 meses, 6 anos. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Amores que viram amigos, amores que viram desafetos.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Amores que me odeiam, amores que ainda me amam. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">São difíceis, amores que doem, que dão saudade.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Começo a guardar um cemitério de amores na memória, desses cemitérios militares que vi na Normandia francesa, com cruzes brancas em um campo verde, cada cruz com um nome.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Em dias de chuva, enquanto suspiro pelo último amor a doer, é inevitável não dar uma volta pelo cemitério. Sem flores nas mãos, apenas uma camiseta branca, um jeans velho, meu AllStar vermelho sujo nos pés, meu fone de ouvido, uma música antiga, tipo "Espelhos d'água", da Patricia Marx, que eu cantava quando tive meu primeiro amor.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Vou passando por cada cruz, olhando cada nome, sorrindo. Aquele sorriso doído que vem com as lembranças de beijos honestos, carinhos sinceros.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Aquele sorriso de canto, que dei para todos esses amores, quando ninguém mais podia ver. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">A saudade, esse demônio cristão que aperta o peito, começa a sufocar. Outra cruz, outro amor, outro adeus. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Eu poderia passar em frente a esse cemitério sem nunca entrar, mas reviver amores é reviver na memória cada "Eu te amo" ouvido ou desejado, dito ou calado.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Depois de algum tempo, saio desse lugar, enxugo as lágrimas que vieram, as loucas suicidas que se jogam dos nossos olhos contra o que encontrarem.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Fecho o velho portão de metal, cheio de musgo, viro-me para a grande avenida que se chama "Futuro", suspiro e sigo caminhando, quem sabe ali na próxima esquina esteja um novo amor, um novo "Eu te amo" a se ganhar.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Talvez seja um novo rosto, talvez seja um antigo, afinal, naquele cemitério não há ninguém enterrado. Há lembranças!</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Mas hoje, exatamente hoje, tem um rosto que gostaria de ver. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Mas essa esquina está longe e esse nome ainda não está naquele cemitério!</span></div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-38669542366573488312013-06-27T23:28:00.003-07:002013-06-27T23:36:12.372-07:00Quem é você???<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhewR2NelvEtOHbHTgqfozO8CZH3D1AYAu_pdrmejZmbM0LGriEDtVk4OXFIol6Ga-2FG2Zgo631D10sqqA9hfH2CC5cZxzxhAHxqgNpFXR0UwbOTQuDm1dIbys7-aepYYpAeQIoulftM/s960/973242_10201392182832584_1666704180_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhewR2NelvEtOHbHTgqfozO8CZH3D1AYAu_pdrmejZmbM0LGriEDtVk4OXFIol6Ga-2FG2Zgo631D10sqqA9hfH2CC5cZxzxhAHxqgNpFXR0UwbOTQuDm1dIbys7-aepYYpAeQIoulftM/s320/973242_10201392182832584_1666704180_n.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quem é você?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Não tive tempo para
descobrir. Aliás, foi apenas isso que faltou.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Hum, sim! Não foi só
isso. Mas foi o que mais faltou.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Não tive tempo para
descortinar seu sorriso, para analisar seus grandes olhos. Para
reconhecer se atrás desse silêncio havia dúvida, medo, vergonha,
tristeza.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você cortou meus
pulsos e exigiu minhas pernas.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você não gosta de
ler, diferente de tantos outros, você não gosta de ler.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas eu escrevo!</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você percebe o quão
isso complica tudo?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sem ler, como ver que
eu sou um prolongamento dos meus dedos?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sem ler, como ver que
eu tenho mais do que um pênis?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você cobrou beijos,
afeto e chorou.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você, sem notar,
cobrou minha presença, mas ofereceu um cachorro de gravata como
companhia.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Justo para mim, que
esperava mais palavras.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você, sem notar,
cobrou fidelidade. E te dei!</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ainda que eu negue,
ainda que eu finja.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você teve um corpo
completo: alma, coração, sangue e porra.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você teve meu tempo,
meu dinheiro, minhas esperanças.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quem é você?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O que você ofereceu em
troca?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Uma leitura de um dos
livros de contos que te emprestei? Um não para um chefe explorador?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sua beleza ainda não
cabe em você. E como você é lindo!!!</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas como todo jovem,
você não nota que sua beleza vai se acabar nos braços errados.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sejam eles amores,
sejam eles braços exploradores, sejam eles fraternais ou familiares.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E sua essência é o
que? Quem é você???</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Eu poderia te renomear
com qualquer letra do alfabeto. Já foram tantos como você.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Confesso que a maioria
por uma noite, mas ainda assim, como você fará, perdiam sua beleza
sem dizer muito. Como uma flor, que mesmo sem se abrir, vai perdendo
seu perfume sem mostrar toda sua forma.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quem é você???</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quem é você, para
quem dei um aliança e selei um acordo?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quem é você que me
abriu a porta da sua casa, mas não me abriu a porta de sua vida?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Agora, me responda quem
sou eu?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O que escondi? O que
você não soube?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Eu não disse ou você
não perguntou?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E se me afastei, você
agradeceu aos céus. Eu estava pedindo mais tempo do que devia.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas nosso jardim, que é
só teu, vai seguir como minha proposta de tentar.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ali, naquele canto,
entre árvores e gramas plantadas, nada a esmo, onde o único acaso
era eu, mas poderia ter sido um outro que tivesse condições de
olhar estrelas e ver a beleza de estar com você sob elas, ali
seguirei.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se você notar, não
disse seu nome, porque isso é uma crônica, um texto, algo que você
nunca vai ler. Mas outras pessoas lerão, entre outras das palavras
que já vomitei e que algum olho curioso já limpou.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Você ainda não
percebeu, aprendemos muito no dia a dia, mas não há magia melhor do
que espaços que sabemos que nunca serão nossos, e eles só vêm com
palavras.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como saber que Quintana
dizia que a cada novo dia deveríamos fazer um novo trajeto, se nunca
lemos Quintana?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como saber que eu segui
esse conselho poético e fui parar na sua frente, sem saber que foi
Mário Quintada que me aconselhou?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Por preguiça? Uma
preguiça que não te demove de acordar as 04:30h da manhã?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Uma preguiça que não
te impede de não ter sábados e domingos?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O capital te criou e te
corrompeu, não duvido de que eu te encontre em um semáforo, que
cruzarei sorridente a pé, enquanto você espera abrir no seu carrão.
Mas que decepção se for o contrário. Se for eu que me corrompi, e
tive todas as oportunidades para isso, e você segue trabalhando
sábados e domingos. Quão revoltante pode ser?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quão injusta você
dirá ser sua vida?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Oh, meu amor, como te
arranco desse vício ignóbil que não te permite entender palavras
desse porte?
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como te explico que teu
chefe não se importa com sua saúde, com sua vontade, com seus pais?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como eu te explico que
existirão outros como você, que ocuparão seu lugar e farão seu
trabalho?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como eu te explico que
você está perdendo uma chance de viver comigo um amor torto, desses
que doem ao lembrar?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Bom, não explico.
Inclusive porque me pergunto: quem é você?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Será que viveria esse
amor torto comigo, entenderia as dores que sentiria?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
São tantas dúvidas
que me percebo de aliança fora do dedo, na caixa das possibilidades,
todas se olhando e dizendo: - Você também não foi a última???</div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-31832144295873825452012-10-25T21:31:00.001-07:002012-10-25T21:50:40.972-07:00Para todos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeF9YRRBOecoY3egGFuQ4KmjVRlO0V_Z5ekpN5MfBCnZZBoZI5-sdydnv8D7-P0o6ORBfKTKI_4Orc_vTq7yh2pWmruj1AqMYcEFuwBp3tgF-S-9KOWgNKOff0H_MfTp-eJD-hxSHyEeM/s1600/moda-gotico-editorial-vestido-de-tule-bordado-001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeF9YRRBOecoY3egGFuQ4KmjVRlO0V_Z5ekpN5MfBCnZZBoZI5-sdydnv8D7-P0o6ORBfKTKI_4Orc_vTq7yh2pWmruj1AqMYcEFuwBp3tgF-S-9KOWgNKOff0H_MfTp-eJD-hxSHyEeM/s320/moda-gotico-editorial-vestido-de-tule-bordado-001.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Mais um cigarro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O vinho, sem rolha, bebo direto da garrafa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A solidão vem sorrateira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sem convite, senta-se.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Frente a frente, sorri cínica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Finjo não vê-la.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sigo chorando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O passado passa pela mente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A solidão abre seus dentes brancos no escuro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Fecho os olhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela segue, entre as pálpebras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Não pretende ir embora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Começo a contar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Paro no 33.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela me olha pudica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Em sua expressão, vejo a desaprovação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Fixo meus olhos nela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O vinho escorre por um canto da boca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela procura por algo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Tira do longo vestido uma caixinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Estende um braço e me alcança.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sem saber o que fazer, pego com cuidado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Abro-a e vejo dentro um coração pulsando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Intrigado, pergunto de quem é.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sempre cínica, faz sinal para eu olhar de perto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Aproximo o olho direito da caixa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A pouca luz dificulta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Começo a ver no coração muitos rostos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Reconheço muitos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Um a um, sorriem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Então, a solidão me pega pela mão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Vagarosa, me leva para a cama.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Deito-me. Ela me cobre.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Senta-se ao pé da cama e finalmente diz:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Só saio quando alguém chegar!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Suspiro!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Entendo que ela vai ficar por muito tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Não há quem chegará.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Não há quem voltará.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ninguém, além dela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Penso no pequeno coração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Suspeito ser meu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Pequeno como uma concha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Imagino que eu esteja me fechando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Por isso ela tenha me entregue um coração tão pequeno.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Não adormeço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Pergunto, a ela, a quem pertence.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela não mais sorri,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Voa sobre a cama.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Prende-me com suas mãos frias e lambe meu rosto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Só depois sussurra em meu ouvido:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-O coração é minha metáfora, seu bobo. Não existe amor como você espera.
Não existe ninguém que te complete. Se você achar um coração desse tamanho,
será em um rato!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Seu hálito gelado me faz chorar ainda mais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela, impiedosa, segue:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Você nunca foi amado! Eu estive com você todo o tempo. Fui sempre eu que
dormi com você!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Berro. Ninguém ouve?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela sai de cima de mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Volta ao pé da cama.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Fica mexendo no vestido e me olhando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Nunca? Pergunto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela faz que não com a cabeça e seus longos cabelos negros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Mas...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ela reforça, com sorriso irônico, movendo a cabeça lentamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Aperto a colcha sobre mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Aos poucos, as lágrimas cessam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Desisto de brigar com a solidão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Afinal, como um deus, lá está ela aos pés de todos que dormem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Rindo dos que estão em pares.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Debochando dos que estão sós.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sempre mexendo em seu longo vestido de tule negro.<o:p></o:p></div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-59487126014831926582012-09-02T00:17:00.002-07:002012-09-02T07:52:02.252-07:00Encanto de Sereias <div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu6FXFHGEHX1TzUqNwrRAwJkLj4FNyxQHnUxoz3emQM11xJpOzgEx0RKUiPGmOvoUMB3GEzDjxwizpt02-CcpIhUnoc2p5hs_G3lx_fLsqPx_A0K19LBXfXF_DXy3qxqbra8av_STO-9w/s1600/29-piratasdocaribe3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu6FXFHGEHX1TzUqNwrRAwJkLj4FNyxQHnUxoz3emQM11xJpOzgEx0RKUiPGmOvoUMB3GEzDjxwizpt02-CcpIhUnoc2p5hs_G3lx_fLsqPx_A0K19LBXfXF_DXy3qxqbra8av_STO-9w/s320/29-piratasdocaribe3.jpg" width="256" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Há quatro
anos, eu estava meio entediado das idas e vindas com as quais eu vivia. Foi quando
você apareceu. Por hora, esse nariz empinado me fez repensar algumas coisas, ao
menos um desejo ali se fincou, como um recado no mural de cortiça. Mas as idas
e vindas me tomaram pelos braços e fui. Deixei o rosto angelical em um canto da
mente e fui pensar em francês, espanhol e inglês. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E, assim,
meio de repente, quatro anos depois, você surgiu. Era um novo recomeço, em
português. Reli, ‘Acalentador’, era você. Acho que era bem o que eu precisava;
alguém que acalentasse um coração quebrado; já expliquei isso antes para outra
pessoa que não entendeu bem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Não me
contive, chamei. Veio parcial, cheio de dedos. Tímido. Encanto de sereias que gritam
meu nome pelo mar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Fui ao
centro. Não do universo, mas do país. Voltei?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Algo ficou
lá, um gosto amargo na boca. Mas a precisão de um ‘acalentador’, desses que te
abraçam nas noites de frio e te assopram nas noites de verão, eu precisava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
A redundância
dos termos, ‘precisão’ <i>vs</i>. ‘precisava’,
os verbos e seus significados que brincam em concursos fizeram o encantamento aumentar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Fobias surgiram,
e logo assim! Sem meios termos. A timidez vinha sob um novo véu. Sorri!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Preciso aprender
a viver com o novo sigma. TOCs, fobias, medos. Justo a mim?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu, tão
preso a medos, tão sem graça em público, tão ranzinza com a toalha do banheiro
embolada? Você me supera?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sorri!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E veio o
convite para nos vermos. Vimo-nos! A camisa xadrez contrastava com o <i>cardigan</i> de três euros da Primark. O suco
de laranja brigou com a cerveja Original sobre a mesa. Mas os sorrisos se
viram.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os cigarros
ficaram em casa. Assim como o desejo de não precisa-los. As balas foram no
bolso. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sem armas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sem armas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sim, fui
despido de armadilhas. Era apenas eu, sorrindo. As pedras de Itaguaçu,
iluminadas pelas luzes dos bares foram testemunhas. Eu vestia o <i>cardigan</i>, mas estava nu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Porém, ninguém
acredita muito. Os aromas e trejeitos me fazem parecer mais esquina do que sou.
Modelo e manequim. Puta para maus entendedores e entendedoras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
O beijo
roubado no fim da noite me fez sentir um ladrão. Roubar beijos aos 33 anos é
tão estranho. Mas, sorri!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Subi sorrindo.
E vieram mensagens. E vieram ligações. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E veio um
novo encontro. E um convite para subir. Subir? Como se eu morasse no 13º andar.
Mas subiu. E valeu a pena cada segundo no sofá. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os beijos
roubados eram a cada dia mais encantadores. As sereias e bruxas, as pedras que nos viram quando
nos vimos, me faziam pensar no rosto juvenil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Uma pinta à
direita, outra à esquerda. Algumas rugas, posso ver. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
O endócrino disse a mesma coisa que eu.<br />
Impulso!
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Mielina, axônios,
língua, cordas vocais, partes de um mesmo órgão em mim. Cérebro e boca em uníssono.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E vieram
outros encontros e as diferenças se reforçaram, mas ao mesmo tempo a vontade de
te ver aumentou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
- Quem é
louco? Eu ou você? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Você ainda
não me viu chorar, mas eu choro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Você ainda não
me ouviu cantar, mas eu canto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Você ainda não
me falou de si, mas eu ouço.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu quero te
rever!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu quero ser
mais!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu quero você!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Você!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Tire as suas
rédeas e você verá que aqui tem alguém que pode galopar ao seu lado!!!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu já sei que
você é como um ano bissexto. Mas eu, ah...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu sou encanto
de sereias que gritam teu nome pelo mar.<o:p></o:p></div>
</div>
Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-77841964398595780622012-06-07T21:37:00.001-07:002012-06-07T21:37:38.837-07:00Frio de junho<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy4HHhH4Ea1ClzzDmoiCZ0xwBTug151iNtuZ0aV23c9l94UhOJ-4xIVyouCsOZXNVQRrG4jRxFWYYmZKd5pgtTwoQjMd1o0qHEtztvqSiv6BY7E5I_Z99hLUiB9QCKZ1j4zNzslNtISNs/s1600/318990_1809249291252_1941251376_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy4HHhH4Ea1ClzzDmoiCZ0xwBTug151iNtuZ0aV23c9l94UhOJ-4xIVyouCsOZXNVQRrG4jRxFWYYmZKd5pgtTwoQjMd1o0qHEtztvqSiv6BY7E5I_Z99hLUiB9QCKZ1j4zNzslNtISNs/s320/318990_1809249291252_1941251376_n.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O frio batia nos vidros pedindo para entrar. O que podíamos fazer?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O frio entra. Se vai bater, ou não, pouca diferença faz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
E assim que entrou, instalou-se pelo quarto. Era junho, não podíamos evitar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O que podíamos ter feito?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Bem, a história começa com 3 tragos em um baseado depois de muitos
drinks.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O que veio a seguir foi um misto desconexo de diálogos que nos
embrulharam no edredom.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Deitados na cama, ele me perguntou se eu estava colocando-o no lugar de
alguém. Eu sorri. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Claro que estou! O tempo todo estou colocando alguém no lugar de outro
alguém.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Eu não quero estar no lugar de alguém. Quero meu lugar exclusivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Era ciumento e temperamental.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sentei-me e ele deitou-se em meu colo, os dois com frio apertando-se um
contra o outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Mas eu sou assim. Eu entrego meu coração para alguém. Aí, um dia a
pessoa o quebra, eu junto algumas partes e faço um novo. E deixo o espaço vago
para alguém entrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ele passou um braço por cima da minha barriga e outro por baixo das minhas
pernas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Não faça isso! Guarde seu coração para você!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Comecei a chorar. Ele não entendia o que estava me pedindo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Não faz parte da minha natureza. Eu sou assim, um feitor de corações. Entrego;
junto os pedaços; faço outro, entrego; e assim vou vivendo. Sempre com novas ilusões,
novos corações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Passou a mão pela minha barriga.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-O que você espera que as pessoas façam quando você chora?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Passei a mão por seus cabelos recém-cortados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Abrace-me, acaricie-me. Beije-me. Peça para eu parar de chorar...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Não vou fazer nada disso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Apertou minhas coxas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Por que não?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Porque não sou assim. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Devo seguir chorando?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Faça o que você quiser.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Pensei que o frio vinha da própria cama. Ou seria o frio falando
comigo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Pena, achei que você seria alguém para quem eu daria meu coração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Já disse, guarde seu coração para você. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Desci para dentro do edredom. Ele me abraçou com força.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Você guarda o seu tão bem porque tem medo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Não tenho medo de nada!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Tem sim! Covardes guardam seus corações. Têm medo de que descubram
suas fraquezas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Eu não tenho fraquezas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Apertou meu mamilo esquerdo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Tem sim, você é humano.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Você está me colocando no mesmo saco que todos os outros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Sorri. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Você está no mesmo saco que os outros. Somos todos iguais. Todos
querem ser amados. Achar a pessoa certa. Ter um cumplice.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Eu saí de casa aos 16. Sou muito independente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Virou-se. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Abrace-me. Tenho frio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Mas, você é independente. Para que precisa que eu te abrace?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Virou o rosto. Aqueles olhos, quase verdes, ficaram imóveis, fixos nos
meus. Vi brasas saírem de dentro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Eu sou independente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Abracei-o. Passei a mão direita sobre o contorno de seu corpo de dança.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Você não é independente, nem esconde seu coração tão fundo assim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
-Eu não quero ocupar o lugar de outro. Quero o meu!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Ele não percebia que o lugar já era dele. Nem notou que seu coração
estava muito mais exposto do que pensava. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Quanto ao meu coração?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Bem, meu coração ardeu nas brasas daquele olhar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O senti como um vaso de barro no forno, mudando a forma, expandindo,
contraindo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
E naquelas pupilas, negras bailarinas imóveis, vi seu coração.
Pulsando, expandindo, contraindo. Quase em minhas mãos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O frio entrou, mas o calor dos beijos o mandou embora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Era junho, o que podíamos ter feito?<o:p></o:p></div>
</div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-73296785949573835772011-06-05T19:55:00.000-07:002011-06-05T19:55:42.194-07:00O começo do fim do meio...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlAdANectbXvpLAR4QI9r3qxyivexzBLBU6mICOokf9zKcjzBFXJaIZlwwdKSv1iBClz-vDG7T0itwE2F-J2_rFjX_bvro5p32U-KpI30XxC3kKRVsDF5X4ZNi1_L7WeF7bpdRe4WxVtY/s1600/londres+079.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlAdANectbXvpLAR4QI9r3qxyivexzBLBU6mICOokf9zKcjzBFXJaIZlwwdKSv1iBClz-vDG7T0itwE2F-J2_rFjX_bvro5p32U-KpI30XxC3kKRVsDF5X4ZNi1_L7WeF7bpdRe4WxVtY/s400/londres+079.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
Escute o começo do fim do meio...<br />
<br />
E se eu te pedisse uma vez,<br />
Se eu implorasse talvez,<br />
Você seria minha vida?<br />
Você seria minha ida...?<br />
<br />
Se é pra testar, pra correr , pra chorar<br />
Você seria minha volta...?<br />
Como quem chora a rima solta,<br />
Como quem se perde no mar...?<br />
<br />
Se eu te implorasse,<br />
Chorasse, calasse...<br />
Você seria minha, meu, pra mim..<br />
Seria um negro marfim?<br />
Escute o começo do meio do fim.<br />
<br />
Talvez, se... talvez.<br />
Como, quando e por quê???<br />
Você seria a interrogação,<br />
Aquilo que quero ter?<br />
<br />
Se eu te implorasse,<br />
Chorasse, calasse...<br />
Você seria minha, meu, pra mim...<br />
Seria tão negra assim?<br />
<br />
E se eu te pedisse uma vez,<br />
Se eu implorasse talvez,<br />
Você seria minha vida?<br />
Você seria meu?
</div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-78560280110965150972010-11-04T18:53:00.000-07:002010-11-04T19:03:13.032-07:00Metade<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg54UXlAq-dxZzUX7PV2ZkpmJeKd6ebOg28fvSES1BfUO6ZohClHKKBqLl1t2DqSRpZQMjNsXJP2havWBKYM3xQ9mbx3fZq3nPE1btqu9YdOcsgBgvuPu_gfHVk2lMGMvGm1P7BWuOp2Iw/s1600/1173029368_rosa.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 305px; height: 285px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg54UXlAq-dxZzUX7PV2ZkpmJeKd6ebOg28fvSES1BfUO6ZohClHKKBqLl1t2DqSRpZQMjNsXJP2havWBKYM3xQ9mbx3fZq3nPE1btqu9YdOcsgBgvuPu_gfHVk2lMGMvGm1P7BWuOp2Iw/s400/1173029368_rosa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535880229604601794" /></a>
<br>Será mais complexo.</br>
<br>E talvez desconexo.</br>
<br>E talvez você ache feio,</br>
<br>Mas, </br>
<br>Vou tentar...</br>
<br></br>
<br>Não me olhe com esses olhos verdes assim.</br>
<br>São verdes como a esperança.</br>
<br>Chega!</br>
<br>Olhe para lá!</br>
<br></br>
<br>Ah, não. Não me olhe com esses olhos verdes assim.</br>
<br>Verdes como manga com sal, </br>
<br>Sabor estranho!</br>
<br>Salivo.</br>
<br></br>
<br>Não me olhe com esses olhos verdes assim!</br>
<br>Cor de erva, maresia e sono.</br>
<br>Pare!</br>
<br>Olhe para mim!</br>
<br></br>
<br>Não gosto quando me vê</br>
<br>Sem roupa, sem carne.</br>
<br>Não quero ficar tão nu.</br>
<br></br>
<br>Vamos ver um filme, venha.</br>
<br>Sente no sofá comigo.</br>
<br>Use meu moletom azul. </br>
<br></br>
<br>Vamos embora comigo?</br>
<br>Só vou perguntar quatro vezes.</br>
<br>Ah, não. Não me olhe como Alf, o sedutor.</br>
<br>Diga que vai.</br>
<br></br>
<br>Não me olhe como um robô michê de AI.</br>
<br>Vire esses olhos verdes pra lá!</br>
<br>Diga que vai.</br>
<br></br>
<br>Vamos, faça uma invasão de domicílio.</br>
<br>Chegue perto demais. Mais “Closer”.</br>
<br>Algo como o amor não tira férias.</br>
<br></br>
<br>No fim, eu só queria um beijo roubado.</br>
<br>Hum. Vamos mesmo?</br>
<br>Choverá, abrirei o guarda-chuva pra você.</br>
<br></br>
<br>Caminhe comigo, pendure as roupas no varal. </br>
<br>Ponha o moletom azul.</br>
<br>Tire o moletom azul.</br>
<br></br>
<br>Deite comigo.</br>
<br>Não! Não olhe com esses olhos verdes no travesseiro.</br>
<br>Feche os olhos.</br>
<br>Pense em mim como algo passageiro.</br>
<br></br>
<br>Hum. Abra os olhos!</br>
<br>Deixe que a noite entre e saia.</br>
<br>Me olhe. Me beije. Me abrace.</br>
<br>Abra os olhos pra mim.</br>
<br></br>
<br>Estou confuso com tudo.</br>
<br>Posso ganhar só um abraço?</br>
<br>Tem alguma rosa pra mim?</br>
<br>Quem sabe, duas?</br>
<br></br>
<br>Será mais complexo.</br>
<br>E talvez desconexo.</br>
<br>E talvez você ache feio,</br>
<br>Mas, </br>
<br>Vou tentar...</br>
<br></br>
<br>Tem alguma rosa pra mim?</br>
<br>Quem sabe, duas...</br>
<br>Metade?</br>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-25250383586729659362010-11-04T17:23:00.000-07:002010-11-04T17:30:28.295-07:00Belém, blém...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXJBrYw9woes_q3v-aSjSicLO-hCwL_whxuYXnsSzLg2EmmquRZ6Q25XEzH3aSTq57bDEaLWI6E-T5s82nnME7-cLNEAewUvPpyoOzhqaGiwYGGBCOVIZazJ1-u8QEAVzEYbnlzKnCDpI/s1600/451074.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXJBrYw9woes_q3v-aSjSicLO-hCwL_whxuYXnsSzLg2EmmquRZ6Q25XEzH3aSTq57bDEaLWI6E-T5s82nnME7-cLNEAewUvPpyoOzhqaGiwYGGBCOVIZazJ1-u8QEAVzEYbnlzKnCDpI/s400/451074.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535856347129318530" /></a>
<br>Por quem os sinos dobram?</br>
<br>Os sinos...</br>
<br>Doces meninos, </br>
<br>Dobram em Belém.</br>
<br></br>
<br>Mas se eu dobrar a esquina, </br>
<br>Curva pequena.</br>
<br>Dobro em você.</br>
<br></br>
<br>É só subir aqui, </br>
<br>Que eu desço ai.</br>
<br>E as sacadas serão os palcos.</br>
<br></br>
<br>Por que os sinos dobram?</br>
<br>Aí, jamais saberemos.</br>
<br>Por suaves venenos, </br>
<br>Vinhos argentinos ou chilenos?</br>
<br>
<br>Pontes-aéreas,</br>
<br>Pontes sobre mares,</br>
<br>Ou rios em todos os lugares, </br>
<br>São meros espectadores.</br>
<br></br>
<br>Os dias se passaram, </br>
<br>As mãos se passaram, </br>
<br>As tias continuam nas janelas.</br>
<br></br>
<br>E foram botos, açaís e patuás.</br>
<br>E foram bois e bumbás.</br>
<br>E foram, cada qual para seu norte</br>
<br>E sul.</br>
<br></br>
<br>Mas ficou algo.</br>
<br>Um gosto amargo de crueldade.</br>
<br>O seco do vinho na boca.</br>
<br>O aperto de uma cama pequena.</br>
<br></br>
<br>E fincou algo.</br>
<br>Um espinho que machuca. </br>
<br>Uma mordida na nuca.</br>
<br>Um adeus velado e cru.</br>
<br></br>
<br>Será que volta?</br>
<br>Os sinos da igrejinha da esquina</br>
<br>Não pararam de tocar.</br>
<br>Nem as águas, dos rios e mares, </br>
<br>Pararam de correr.</br>
<br></br>
<br>E como janeiro é mês de chuva no país, </br>
<br>Talvez volte com as águas,</br>
<br>O gosto cruel da boca seca de vinho.</br>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-49173303787684841412010-11-04T15:58:00.000-07:002010-11-04T16:04:24.466-07:00Christy em Sal<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfx51tl_nPothN_98Dy8BK_aroTdcqcTcD_umyS7hsrrzZlS4aaEgQ1eYOPDb24cC5zyRAQdTML-UxgiCX_Drh3mNE5PqLdqQVnq3rSSJvX99wGWyZ-R0vfRNWU1Cf7RG3ckS6_ukG3G0/s1600/m%C3%A3o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 381px; height: 356px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfx51tl_nPothN_98Dy8BK_aroTdcqcTcD_umyS7hsrrzZlS4aaEgQ1eYOPDb24cC5zyRAQdTML-UxgiCX_Drh3mNE5PqLdqQVnq3rSSJvX99wGWyZ-R0vfRNWU1Cf7RG3ckS6_ukG3G0/s400/m%C3%A3o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535833372525286402" /></a>
<br>Como um bom christão, </br>
<br>Cerro os olhos e rezo.</br>
<br>Ponho as mãos em palmas e </br>
<br>Penso em minh’alma.</br>
<br></br>
<br>Penso em teu sangue,</br>
<br>Escorrendo por minhas mãos,</br>
<br>Que lambo suavemente,</br>
<br>Pensando em teus dons.</br>
<br></br>
<br>Como Christy em cruz,</br>
<br>Abro os braços </br>
<br>Pro teu abraço, </br>
<br>Em sol, em luz.</br>
<br></br>
<br>Nem santo, nem demônio.</br>
<br>Nem Pedro, nem Judas.</br>
<br>Tenho outro nome, </br>
<br>Outros erres, outros as.</br>
<br></br>
<br>Sou teu filho,</br>
<br>Sou teu pai.</br>
<br>Sou teu amor.</br>
<br></br>
<br>És minha dor, </br>
<br>És meu ai, </br>
<br>És o gatilho.</br>
<br></br>
<br>E sempre que atira, </br>
<br>É em mim que acerta.</br>
<br>Não sei se flerta</br>
<br>Com a mira.</br>
<br></br>
<br>Mas o sangue é meu,</br>
<br>Escorrendo por tuas mãos.</br>
<br>Que suga como ateu, </br>
<br>Pensando em meus dons.</br>
<br></br>
<br>Christão, serei eu.</br>
<br>E Sal será teu chão.</br>
<br>E os pés descalços, </br>
<br>Em carne pisarão.</br>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-18417630018576993212010-11-04T15:20:00.000-07:002010-11-04T15:33:03.582-07:00O universo goza você<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyt-pPzZW1g27r_hSmcTCDLyUfFy2KCcs00vDeBFgVlxOfFdK0VqMEFO-6XpJWyqOoR7kdZGbhRoDHUmLI84JbmdkHUKu4Ew_HhGIWm5PEVQ_wWORRLR-NvaUMVLXIeFi-HbImyAFs6xw/s1600/Nu+1.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyt-pPzZW1g27r_hSmcTCDLyUfFy2KCcs00vDeBFgVlxOfFdK0VqMEFO-6XpJWyqOoR7kdZGbhRoDHUmLI84JbmdkHUKu4Ew_HhGIWm5PEVQ_wWORRLR-NvaUMVLXIeFi-HbImyAFs6xw/s400/Nu+1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5535823710232164466" border="0" /></a>
<br>Tenho imagens mentais confusas.</br>
<br>Vejo você dançando em volta de uma árvore,</br>
<br>Vejo a lua, anzol pescando estrelas.</br>
<br></br>
<br>Sonhos coisas escusas,</br>
<br>Vejo você dançando sem roupa,</br>
<br>Vejo a lua, nua, louca...</br>
<br></br>
<br>E as estrelas?</br>
<br>Ah! As estrelas piscam,</br>
<br>Mini-orgasmos pulsantes</br>
<br>Ou um orgasmo gigante.</br>
<br></br>
<br>O Universo goza você.</br>
<br></br>
<br>Tenho imagens confusas.</br>
<br>Ingênuas, sacanas, obtusas.</br>
<br>Vejo você...</br>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-13368587700466538342010-05-20T17:49:00.000-07:002010-07-21T07:04:50.990-07:00sufoco<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-V4QYJDMeJ1N7QLLXGYiZU1rHkISgWqVc7RG9dzdBR0oM-SaBf_RVkusN8DX4LsU5LSVShNLgRw-SzYjc99Q6bZKaQ1pbIpX4lI8ZxTvjocbxZtu9zavPYhyphenhyphenRs_wXa0GiM2qHecUUjUA/s1600/praia.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-V4QYJDMeJ1N7QLLXGYiZU1rHkISgWqVc7RG9dzdBR0oM-SaBf_RVkusN8DX4LsU5LSVShNLgRw-SzYjc99Q6bZKaQ1pbIpX4lI8ZxTvjocbxZtu9zavPYhyphenhyphenRs_wXa0GiM2qHecUUjUA/s400/praia.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5473519132698328210" border="0" /></a>
<br>se te sufoco, e então?</br>
<br>é porque tentei sufocar antes em mim as dores de uma partida sem vida.</br>
<br>é porque tentei sufocar os gritos de dor e desespero pelos sonhos quebrados.</br>
<br>é porque tentei sufocar as lágrimas de um tempo que não pretende voltar...</br>
<br></br>
<br>se te sufoco, então...</br>
<br>é porque tentei manter o desespero em um coração pequeno.</br>
<br>é porque tentei calar o grito em uma boca grande.</br>
<br>é porque , em vão, pus as mãos sobre o corte que não pára de sangrar...</br>
<br></br>
<br>se desisto, e então?</br>
<br>é porque a partida veio e a vida foi.</br>
<br>é porque a os sonhos ecoaram em paredes vazias.</br>
<br>é porque o tempo inundou os olhos cansados.</br>
<br></br>
<br>se desisto, então...</br>
<br>é porque o coração não suportou.</br>
<br>é porque a boca não calou.</br>
<br>é porque o sangue acabou.</br>
<br></br>
<br>e se tudo tem um porquê, ele ainda não bateu a nossa porta.</br>
<br></br>
<br>será que demora????</br>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-19912207919889571422010-05-12T14:14:00.000-07:002010-05-12T14:23:28.883-07:00Quando eu conseguir...<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzKemhPBfTpI9Ojj1hvV6XpMvk-uV6Iowwpj2hotphJuz6WAeEvW9DYa4i7EgGzd-IhD1M-Rhv17sG8Sr6B80vmoFGMvNQTvpa9Ne1S45tNyt5weSY14KJzMVkraloeJvpvaYVWszX40/s1600/DSCF9684.JPG"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCzKemhPBfTpI9Ojj1hvV6XpMvk-uV6Iowwpj2hotphJuz6WAeEvW9DYa4i7EgGzd-IhD1M-Rhv17sG8Sr6B80vmoFGMvNQTvpa9Ne1S45tNyt5weSY14KJzMVkraloeJvpvaYVWszX40/s400/DSCF9684.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5470495503756339970" border="0" /></a><style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Quando eu conseguir,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Eu prometo deixar de lado</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">As amarras que quebrei.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Mas até lá,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">As amarras estarão em meus pulsos</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Sujas de sangue.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Meu suor, minhas lágrimas,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Tudo estará lá.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Em você e nas amarras.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Quando eu conseguir,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Eu juro que deixo lá,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">O sorriso doce.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Meu sangue, meu leite,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Tudo estará lá,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Em você e nas amarras.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Queria poder viver melhor</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Sem você.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Sem as amarras.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Meu sangue.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Meu sorriso.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Meu amor.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E as amarras ficarão lá,</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Quando eu conseguir.</p>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-15621581898557298352010-05-12T13:59:00.000-07:002010-05-12T14:10:51.849-07:00Fazenda Esperança<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQFpebm66xnrLxY-JRfj_F88xD2wSNKzETyFP244gEaRzTqwvtaSmOVafbVadRaGi0ZzsDcraoF8p8Yo_aILyT_A1qUaKyJHfptPoSnuAISBBe90uMA3_hWb5xC1zEcdOE-6N74vDIWCs/s1600/ano+novo+2010+018.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQFpebm66xnrLxY-JRfj_F88xD2wSNKzETyFP244gEaRzTqwvtaSmOVafbVadRaGi0ZzsDcraoF8p8Yo_aILyT_A1qUaKyJHfptPoSnuAISBBe90uMA3_hWb5xC1zEcdOE-6N74vDIWCs/s400/ano+novo+2010+018.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5470491951821067778" border="0" /></a>
<style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY">
</p><p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY">Cansado, deixou que a mala caísse sobre a cadeira.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Até que gostava de viajar, mas essa rotina já pesava sobre o corpo envelhecido.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Sorriu para a mulher que passava pelo caminho. Nem sempre as pessoas sorriam de volta. A vida de itinerante era vista como algo impróprio para homens solitários. Mas dessa vez, ao menos dessa, a mulher sorriu de volta. Antonieta se importava com o que os outros diziam, mas ela era outra solitária da fazenda, não via problemas em manter essa relação cordial com o vizinho.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Giovane chegava aos 40 anos. Solteiro, sem filhos. Nunca foi bonito. Sempre magro, sempre quieto. Morava na fazenda Esperança havia uns 15 anos. Chegou lá com seus pais, Tereza e Pedro Paulo, vindo do interior de Minas Gerais.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Não era alfabetizado, mas sabia calcular muito bem. E foi por isso que aceitou trabalhar como vendedor de mantimentos. Seu pai sempre fora peão, sua mãe sempre dona de casa e não era isso que ele planejava para si. Queria conhecer outros lugares, ver os mares, coisa que, aliás, nunca conseguiu.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Empurrou a mala para o chão com o pé esquerdo e sentou-se na cadeira. A estrada da fazenda passava uns 5 metros de sua varanda. Pegou o fumo do bolso da camisa suja e sem os 3 botões de cima. Pegou a palha e fechou um cigarro.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> De pernas cruzadas, sentado, olhou para Antonieta que seguia pela estrada. O pôr do sol com sua luz laranja deixava seus cabelos loiros da cor do fogo. Seu vestido de chita branca voava e a obrigava a segurá-lo com uma das mãos. Suas nádegas ficavam marcadas pelo tecido. </p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Sentiu seu pênis enrijecer. Tocou-o por cima da calça com a mão esquerda. A direita segurava o cigarro. Ficou assim, alisando seu membro rijo até que a mulher sumisse de sua vista.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Pensou em entrar e se masturbar. O único ato solitário que lhe dava prazer ultimamente. Levantou-se.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Antonieta caminhava pela estrada a passos longos. Não gostava de andar sozinha depois que escurecia. Voltava da casa da patroa. Era empregada da dona da fazenda, Veridiana, uma senhora rica, filha única, viúva sem filhos que transitava entre a cidade e a fazenda levada por seu advogado Emanuel. Ninguém sabia que relação eles tinham, se eram amantes, se a velha o tinha como filho, se ele queria roubá-la. Muitos achavam que ele esperava pela sua morte para mostrar os dentes. Antonieta não gostava dele. Tinha olhos muito espertos, dizia para os outros vizinhos, aliás, todos empregados da velha.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Faltavam uns dez minutos para que ela chegasse a sua casinha. Um quarto, uma sala, uma cozinha. O banheiro, como em todas as outras casas de empregados, ficava separado dessa estrutura. Parou. Lembrou-se que D. Veridiana havia dito que se ela visse Giovane, que lhe pedisse para ir vê-la. Ficou por alguns segundos pensando se voltaria,e achou melhor dar o recado logo. Qualquer coisa ele a acompanharia até sua casa depois.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> A casa dos dois eram as únicas para aquele lado da fazenda. A dele foi construída ali porque os mineiros tinham outra cultura, não dava pra misturar com os alemães que ia dar briga, dizia o velho pai de D. Veridiana. Já a casa de Antonieta acabou indo para aquele lado porque meninas puras não deviam conviver com ela. Seu falecido marido a conheceu em uma casa de tolerância para os lados do Paraná. E contrariando os pais, levou-a para morar lá. Não foram muito felizes, menos de dois anos de casamento e ele foi morto por um touro. Desde então, ela trabalhava na sede da fazenda. Ajudava a mulher do capataz. Diziam que o velho dono, pai de D. Veridiana, fazia questão de tê-la trabalhando lá, uma distração para os olhos cansados.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Antonieta voltava. Fazia uns 8 anos que morava sozinha ali. Mas ainda tinha medo de ser agredida. Afinal, todas as pessoas do lugar sabiam de seu passado. Seu medo era tanto que nunca ia aos bailes da região, mesmo quando convidada por alguém. Sendo assim, nunca havia estado com outro homem. Para satisfazer seus impulsos sexuais, gostava de deitar nua, ainda molhada depois do banho, e cruzar as pernas com força, sentindo seu clitóris pulsar. Ficava assim até ter um orgasmo. Aí secava-se e dormia. </p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> O escuro agora tomava conta do tempo. Antonieta seguia a divisa da terra com a grama, caminho marcado pelo gado. A lua cheia clareava o trajeto. Mas estava arrependida de não ter chegado a casa primeiro e pego uma lamparina. Não sentia atração por Giovane, sentia pena dele. Lembrava do dia que seus pais morreram. Ladrões de gado entraram em sua casa e atiraram contra os velhos. Ele viajava, só chegou quando já haviam sido enterrados. Como ele vendia os produtos para todos os vizinhos, D. Veridiana achou melhor que ele não saísse dali. Outro mascate demoraria muito a ser aceito pelos alemães. </p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Estava chegando ao portão de Giovane, ainda lembrava o medo que sentiu no dia dos assassinatos. Revivia os sons que ouviu. O pavor que os assaltantes fossem para sua casa também. Pensou em gritar no portão, mas não queria que os outros vizinhos e vizinhas a vissem ali. Poderiam pensar algo negativo. Assim, abriu o portão e se dirigiu para a casa. Ia chamar Giovane discretamente pela janela e dar-lhe o recado da velha.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Quando chegou a janela, viu Giovane nu, sentado em um pelego no chão da sala. Ele se masturbava e soltava uns gemidos. Ficou tão envergonhada que pensou em ir embora, mas algo chamou sua atenção.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> A sala tinha poucos móveis. Velhos, sujos. Um lampião no chão ao lado direito do homem iluminava o ambiente de baixo para cima. Ela, lentamente colocou seu olho direito no canto inferior da janela, de uma forma que não pudesse ser vista. E fixou o olho na mão esquerda de Giovane. </p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Ele se masturbava com a mão direita, sentado com as pernas abertas de costas para a parede e de frente para a janela. Com a mão esquerda ele massageava seu ânus. Introduzindo levemente o dedo indicador. Dessa forma podia também massagear seus testículos com o punho. </p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Giovane, de olhos fechados pensava em Antonieta, e a imagem da bunda colada ao vestido. E ao abri-los levemente, pode vê-la na janela. Mas não se assustou, achou que era parte da sua fantasia. Foi então que disse seu nome em voz alta, como um gemido. Antonieta.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Ela sim se assustou, achou que ele a havia visto e gostado. Sentiu um frio subir e descer pela espinha. Depois do frio, sentiu um calor subir pelo ventre. Sentiu sua vagina se contrair, e cruzou as pernas com força como fazia em casa. Lembrou-se do marido, lembrou-se do motivo que o fez tirá-la do prostíbulo e casar-se com ela. Ele gostava de ter o ânus massageado, ela pensou em como ser dominadora lhe dava prazer.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Mesmo aos 40 anos, Giovane nunca tivera coragem de realizar suas fantasias sexuais. Sempre que estava na companhia de prostitutas, era um típico macho, como pensava. Penetrava a fêmea e só, como os cavalos e bois. Muito raramente pedia sexo oral. Sexo com essas mulheres era quase um ato de desespero. Era apenas para ejacular. O prazer era resumido à ejaculação. Mas quando estava só, se permitia explorar o corpo. Já havia introduzido dedos no ânus, já havia brincado com cenouras, penetrado abóboras, melancias. Solitário, Giovane se permitia ter prazeres. Sentia-se um galo. E como diziam os mais velhos, galos trepam pelo rabo e só comem galinhas.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Antonieta não demorou muito pra sentir as pernas amolecerem. Suas roupas íntimas ficaram inundadas. Sentiu-se novamente uma puta. Teve vontade de apanhar, de bater. Teve vontade de morder e ser mordida. E mesmo que Giovane não lhe fosse atraente, sentiu vontade de possuí-lo. Fez a volta pela casa, e sem pensar duas vezes abriu a porta.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Giovane deu um salto, viu Antonieta entrar enquanto ele se tocava. Sentiu sua masculinidade escorrer pela sala. Será que ela havia visto ele com os dedos no ânus? Mas o susto não foi o suficiente para que seu pênis amolecesse. Ele se sentiu ridículo, nu, despido de roupas e honra. Seu sangue ferveu. Seu membro latejou ainda mais.</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Ela, sem dizer nada, bateu a porta atrás de si. Tirou o vestido pelas alças, deixando seus pequenos seios a mostra. E sempre sem dizer nada, foi descendo o vestido. Ele, em pé, como uma letra t deitada, percebeu que ela também o queria. Foi em sua direção para beijá-la. Ela meteu-lhe a mão na cara. Os cinco dedos marcaram sua face. Ele arregalou os olhos, mas não teve tempo de reagir. Ela o virou contra a parede velha e suja, e sem aviso ajoelhou-se e abriu suas nádegas com as mãos...</p> <p class="western" style="text-indent: 1.25cm; margin-bottom: 0cm;" align="JUSTIFY"> Deu-lhe o recado apenas no dia seguinte, depois de toda a noite de sexo sem pudores e limites.</p>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-6132525208554240492009-11-29T21:03:00.000-08:002009-11-29T21:10:49.847-08:00Um corpo.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQTLyuZh-1LjUWVPf7c6-HqtV9DCg_3l4EfkP8uK-4mGMvTprvu0cDRhe2qFeNMDmTpzhA-hMzvf32-Slp3H52lXax_RRknwEIwTkgNPwyx9gTzyD0uLvZ1s3fynBgyaBoB1o_pByRg_w/s1600/DSC01424-1.JPG"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5409759539130020274" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQTLyuZh-1LjUWVPf7c6-HqtV9DCg_3l4EfkP8uK-4mGMvTprvu0cDRhe2qFeNMDmTpzhA-hMzvf32-Slp3H52lXax_RRknwEIwTkgNPwyx9gTzyD0uLvZ1s3fynBgyaBoB1o_pByRg_w/s400/DSC01424-1.JPG" /></a>
<div>Era tarde, eu cansado acabei me separando em muitas partes. </div>
<div></div>
<div>Olhei-te diretamente nos olhos e resmunguei: </div>
<div>
-Escolha! </div><div>
Como sempre, você escolheu todas as erradas. </div>
<div>
Quis as mais superficiais, as mais bonitas, as semelhantes. </div>
<div>
Juntei o que sobrou. Não era nada útil, mas ainda era eu.
Sentei-me na cama. Sentindo falta do que você tinha levado. </div>
<div>
- Ainda sou eu? </div>
<div>
Passei a mão pelas pernas, senti as coxas, peguei em meu pau. </div>
<div>
- Ainda sou eu? </div>
<div>
Apertei as bolas, subi pela barriga, pescoço, pus as mãos no rosto. </div>
<div>
Chorei como uma criança que aprende o que é um não. </div>
<div>
Deitei-me. Sem camisa e de bermuda. </div>
<div>
- Ainda sou eu? </div>
<div>
Mas que partes você levou? </div>
<div>
Em quantos pedaços sou capaz de me dividir? </div>
<div>
Ao menos dois básicos: corpo e mente. </div>
<div>
- Você teria levado a mente? </div>
<div>
Não, a mente ainda está aqui escrevendo isso. </div>
<div>
Bem, então, sou capaz de me dividir em mais. </div>
<div>
- Corpo, mente e alma? </div>
<div>
Então você teria levado minha alma. </div>
<div>
Que lama me resta? </div>
<div>
Sem alma, só lama? </div>
<div>
Brincando com as letras, parece que surge a verdade. </div>
<div>
Se você levou o melhor, o pior me prende nesse lamaçal. </div>
<div>
- Isso sou eu? </div>
<div>
Não. Não foi isso que você levou. </div>
<div>
- Corpo, mente, alma, sonhos? </div>
<div>
Hum... </div>
<div>
- Corpo, mente, alma, sonhos, dores? </div>
<div>
- Amores, família, amigos, dores? </div>
<div>
- Cacos, surtos, gargalhadas? </div>
<div>
- Cabeça, tronco e membros? </div>
<div>
Qual parte ainda resta? </div>
<div>
Levantei-me e tirei a bermuda. De cuecas fui até a cozinha, enchi um copo de água gelada. Voltei para o quarto. </div>
<div>
Olhei para mim no espelho e resmunguei de novo: </div>
<div>
- Escolha! </div>
<div>
Fiquei horas parado com o copo na mão. Olhos, boca, nariz. </div>
<div>
- Peito, cabelos, pentelhos. </div>
<div>
- Boca, mãos, carteira. </div>
<div>
- O que você levou? O que eu levei? </div>
<div>
Sorvi a água quente. O copo fervia como eu fervo em dias de lua cheia. </div>
<div>
- Calor, frio, cinismo? </div>
<div>
- Dentes, porra, sangue? </div>
<div>
Qual parte ainda resta? </div>
<div>
Qual parte é aresta? </div>
<div>
Alma, lama, cama. </div>
<div>
Deitado, teto. </div>
<div>
Em pé, reto. </div>
<div>
Qual parte você levou? </div>
<div>
O que restou? </div>
<div>
E eu, o que sou?
</div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-59785213190878618122009-11-29T19:41:00.000-08:002009-11-29T19:55:00.861-08:00Nu com o pão no chão.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgxpPI34aPcRbpYr0LTRaRQm19LEsJTp7z2l73kkzC_pyyp-lmMfpmaE86b5kvLrLNbtD35ohSJCFmRbPi0jGhQu92eJ-G8vviszEtrDHtjbsP5KK-MqUSBfJXTw1wEL-t_TPOcMYeNHI/s1600/OgAAAE-GuK4PGFXkUWVfii0f8v0BQ3koGMzs1PX0kP7QheBBGSB3vrQhLKvp257WdK8gSrHYaiA6jJoiH4N2MTmFxRUAm1T1UOLLzfnNXTJoshbm8cFolTbx-hcI.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgxpPI34aPcRbpYr0LTRaRQm19LEsJTp7z2l73kkzC_pyyp-lmMfpmaE86b5kvLrLNbtD35ohSJCFmRbPi0jGhQu92eJ-G8vviszEtrDHtjbsP5KK-MqUSBfJXTw1wEL-t_TPOcMYeNHI/s400/OgAAAE-GuK4PGFXkUWVfii0f8v0BQ3koGMzs1PX0kP7QheBBGSB3vrQhLKvp257WdK8gSrHYaiA6jJoiH4N2MTmFxRUAm1T1UOLLzfnNXTJoshbm8cFolTbx-hcI.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5409740210116417922" /></a>
<br>Bárbara acordou ainda bêbada. Passou a mão pela cama buscando por algum corpo masculino. Se houve, não estava mais lá.</br>
<br>A luz entrava pelas frestas da janela. Era manhã ou tarde?</br>
<br>Puxou a alça da camisola, estava com um seio de fora. </br>
<br>Será que foi lambido? – pensou, passando a mão entre as pernas.</br>
<br>O vizinho de cima, Tiago supunha ela, falava com alguém ao telefone bem em cima de sua janela. Ela ouvia a conversa:</br>
<br>- Então, acordei com minha mãe me chamando. Tinha uma cara pelado em cima da minha mesa. Eu não sabia o que fazer. Disse que era um amigo para a velha não surtar e botei-a pra dormir antes que ela tivesse desejos pelo cara.</br>
<br>- Pelado na mesa do vizinho? – Bárbara saltou da cama. </br>
<br>- Gente, era meu? - sua cabeça deu voltas pela Lagoa, enquanto ela se perguntava em voz alta:</br>
<br>- Ai, será? Eu vim embora sozinha?</br>
<br>Abriu a porta do quarto, olhou para o corredor. Com certeza era dia, mas era manhã ou tarde. Afinal, era domingo ou segunda?</br>
<br>Pensou nos gatos. Não esses que dormiam com ela. Bem, quaisquer que fossem, dormiam com ela. Mas ela pensava nos felinos, Tiffany e Negrão. Os gatos que ela amava porque eram os beijos mais sinceros que ganhava ultimamente.</br>
<br>Não fazia muito tempo que a Tiffy, como se chamava a gata angorá rajada, havia descoberto a dor e a delícia de ser felina. </br>
<br>- Ah, uma ratoooooooo. – foi a única coisa que Bárbara pode gritar. A gata pela primeira vez havia pegado um rato. Ela não estava preparada para isso. Seu nojo feminino era maior do que o instinto do animal.</br>
<br>Olhando para o corredor, viu os gatos virem em direção à porta entreaberta.</br>
<br>- Ai queridos! – foi só o que pode exclamar quando viu os dois vindo para o quarto.</br>
<br>- Mas e o pelado???</br>
<br>Pensou em vestir uma calça. Só de camisola e calcinha fio-dental era pouca roupa para ir até a sala.</br>
<br>Mariana estava no ônibus. Cansada, mal dormira durante a noite. Assentou a cabeça no vidro da janela enquanto o veículo fazia as curvas do morro.</br>
<br>Trabalhar antes das dez ninguém merecia, pensava enquanto via as dunas da praia.</br>
<br>Sua noite não tinha sido das melhores. Morava com Bárbara há algumas semanas, e como as duas eram muito parecidas: lindas, morenas e amigas das loiras geladas, sempre saiam juntas. Mas nunca sabiam com quem voltavam. Quando voltavam juntas.</br>
<br>Mariana fechou os olhos tentando não chorar. A beleza da paisagem era de doer. E a noite havia sido estranha.</br>
<br>Bárbara foi até a sala. A luz invadia o ambiente. Duas janelas sem cortinas. Um rack, uma TV, o som, uma estante e um homem de bermuda azul, com uma tatuagem de Jesus no braço esquerdo, deitado no sofá.</br>
<br>Parada em frente à geladeira, ela olhava com um ar inquisidor para o homem em sua sala.</br>
<br>- É o Marreco? – pensava ela, imaginando ser seu colega de trabalho, com quem ela e Mariana tinham saído na noite anterior.</br>
<br>Aproximou-se, olhou com calma. Sim, era o Marreco. Mas na sala? E de bermuda? </br>
<br>Pensou em ligar para Mariana, pois era no quarto dela que ele tinha ido parar.</br>
<br>- Meu Deus!!! – exclamou em voz alta ao perceber que era ele o homem nu na mesa no vizinho de cima.</br>
<br>Teve quase certeza de que deveria ligar para a amiga.</br>
<br>Mariana já estava no trabalho. Sentia dores na nuca, tinha aquele gosto de guarda-chuva na boca, coisa que todo mundo que bebe sabe como é, e ainda se perguntava: -Eu gozei???</br>
<br>Estava cansada de seus relacionamentos: Amante. Amiga. Gays.</br>
<br>Tinha 30 anos, mas aparentava menos. Bárbara tinha 25 e parecia um pouco mais. Eram parecidas mesmo sendo diferentes. Pareciam ter a mesma idade e os mesmos desejos: -Um grande amor!</br>
<br>Mariana olhou pela bancada cheia de produtos: - Vou pesar essas merdas para ver se têm o peso da embalagem!</br>
<br>Mas antes que pudesse chegar a qualquer produto, lembrou-se do Marreco:
-Mas onde foi parar aquele puto?</br>
<br>Quando acordou, seu quarto estava do avesso. Portas e gavetas do roupeiro abertas. Porta do quarto aberta e nada do Marreco pelo apartamento. Só não se preocupou com um furto porque a bolsa estava com tudo dentro. Como estava atrasada para o ônibus, achou melhor ir. – Ele deve ter ido embora.
<br>- Mas onde estaria a tatuagem de Jesus no braço esquerdo?</br>
<br>Bárbara voltou para o quarto. Trancou Tiffy e Negão com ela, e jogou-se na cama com os dois. </br>
<br>Tiago estava novamente no telefone.</br>
<br>- De novo? – pensou ela outra vez com um seio de fora.</br>
<br>- Então, tive que desligar porque minha velha estava me ligando, mas aí para concluir, fiquei parado olhando para o cara, pensei se dava um soco, se chamava a polícia. Aí acabei acordando o louco. Dei minha bermuda azul e mandei-o ir pra casa. Vi que ele tinha posto o saco de pães que comprei no chão antes de deitar-se. Agora fico me perguntando o que teria acontecido se minha mãe estivesse sozinha?</br>
<br>Bárbara, começou a gargalhar. Sim, era o Marreco na casa do vizinho de cima. Pelado, em cima da mesa. Com o pão no chão.</br>
<br>Mariana pesou tudo o que precisava. Deixou de lado a dúvida pela manhã. Mas já era hora do almoço. Tentou fazer o trajeto do bar para casa mentalmente: - Pub, mercado, posto, virei à direita, segui até a praça, ri quando a Bárbara tropeçou no meio fio, direita, rua de casa, pousada laranja, academia, portão, Marreco?</br>
<br>- Marreco???</br>
<br>- Marreco? Ai, que merda, eu levei o Marreco para casa comigo?</br>
<br>- Ah, sim. Marreco do lado direito, portão, porta, Bárbara indo para o quarto dela, eu ligando o som. Marreco tirando a roupa, minha cama. Eu pensando no Camilo. O Marreco brigando com o próprio pinto. O Camilo de novo. Eu rindo do Marreco. Ele me beijando o pescoço, o Camilo; ele descendo por entre minhas pernas, o Camilo; ele xingando o pinto de novo, eu rindo. Ele saindo do quarto. Despertador.</br>
<br>- É, não gozei!</br>
<br>Bárbara dormiu com os gatos. Acordou horas depois:- Sede. Preciso de litros de água. </br>
<br>Abriu a porta e só então se lembrou que um seio ainda estava à mostra.
<br>Arrumou a camisola, e foi tateando pelo corredor.</br>
<br>Olhou para o sofá. A bermuda azul estava no sofá. O Marreco não. Só então se lembrou de que não tinha dormido sozinha. </br>
<br>- Sim, aquele seio foi lambido. – disse rindo em alto e bom tom.</br>
<br>Pensou em deixar um bilhete para Mariana quando saiu para trabalhar. Mas achou melhor fingir que nada havia acontecido; e a bermuda azul segue guardada no seu roupeiro.</br>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-91726989763806675532009-11-20T09:57:00.000-08:002009-11-20T10:12:51.732-08:00Entre a calvície e o grisalho.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikJwd7rpGw7RORddoB3YZCb7N_XdeCaig4qYc2fH3AxNxQRT2ecp4IhqNIg1nj1fJzroFzD9YtUF9zDGq98ZqUGBswIUDIr05TPu0uIqh29VvbbX_sCoFllfPFOUQF5o_kZs9nH7e49CE/s1600/14noites1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 276px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406247186029139490" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikJwd7rpGw7RORddoB3YZCb7N_XdeCaig4qYc2fH3AxNxQRT2ecp4IhqNIg1nj1fJzroFzD9YtUF9zDGq98ZqUGBswIUDIr05TPu0uIqh29VvbbX_sCoFllfPFOUQF5o_kZs9nH7e49CE/s400/14noites1.jpg" /></a>
<div> <p>Ao acordar, passou a mão na cabeça. Perguntava-se porque era preciso envelhecer. Na ausência de respostas, recorreu ao chuveiro. Saltou da cama, já com dores nas costas as 6:45h e foi coçando o saco para o banheiro. </p>
<p>Pensou em mijar no vaso, mas lembrou-se da Fátima Bernardes e do Bonner fazendo campanha no Jornal Nacional pelo xixi no banho.</p>
<p>- Vamos economizar água! - disse em voz alta. Tirou o short e entrou no banho.</p>
<p>- Shampoo em inglês ou Xampu em português? - questionou-se.</p>
<p>- Falando é tudo igual! – pensou em diferenças iguais. E já que estava entre cabelos, chegou a grande dúvida do dia:</p>
<p>- Melhor ser careca ou ficar grisalho?</p>
<p>Abriu o Seda SOS Quedas e se perguntou quem era a tal de Dra. Francesca Fusco do frasco.</p>
<p>- Careca ou grisalho? Brad Pitt, grisalho. Bruce Willis, careca. Hum…</p>
<p>Ensaboou-se, lavou-se, secou-se.</p>
<p>- Esqueci de algo?!</p>
<p>Sim, esqueceu-se da mijada.</p>
<p>- Foda-se o Bonner!</p>
<p>Mijou no vaso. Chacoalhada de sempre. Vestiu-se. Voltou para o quarto.</p>
<p>A esposa ainda dormia. – Bruce ou Brad?</p>
<p>A dúvida crescia. Não resistiu.</p>
<p>7:20h.</p>
<p>- Amor acorda!</p>
<p>- Hãn...</p>
<p>- Acorda, preciso te perguntar uma coisa.</p>
<p>- Que horas são? – disse ela esfregando os olhos.</p>
<p>- Sete e vinte e um.</p>
<p>- Tá, o que foi?</p>
<p>- Tu prefere o Brad ou o Bruce?</p>
<p>- Hãn???</p>
<p>- Quem é mais sexy, o Brad Pitt ou o Bruce Willis. O grisalho ou o careca?</p>
<p>- Tu não tá falando sério, né?</p>
<p>A essa altura, a esposa já estava sentada na cama, preocupada com o motivo de ser acordada antes das 9h.</p>
<p>- Tô sim. Quem tu prefere?</p>
<p>Ela levantou a sobrancelha direita, fez bico e disse:</p>
<p>- Que viadagem é essa?</p>
<p>Ele riu. Achou melhor não explicar como surgiu a dúvida e saiu do quarto rindo.
Enquanto esperava o elevador, ainda em crise e rindo da resposta da esposa, viu a porta do seu apartamento se entreabrir.</p>
<p>A esposa enfiou a cabeça para fora e berrou:</p>
<p>- Hei. Ashton Kutcher!</p>
<p>Ele olhou assustado. – Quem???</p>
<p>- O marido da Demi Moore. – ela respondeu.</p>
<p>- Mas ele é 20 anos mais novo!</p>
<p>Ela irritada fechou a porta e foi se deitar.</p>
<p>O elevador chegou, a porta se abriu, o espelho refletiu sua idade. Ele entrou, olhou-se bem e disse:</p>
<p>- Ashton Kutcher. Nem grisalho, nem careca. Merda! </p></div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-8052728009122697982008-11-20T23:29:00.000-08:002008-11-21T11:41:16.859-08:00Fofocas.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgjMYESbPVqEUVxXDl4m-QXTIwbo5Rf9IuIUkrD1Mak8qefNgUuHQra0G6v0L3cAubN-vY2UYs22SIu7qqh2rd2sLlh0uRDLPy-TjmPSmNGWU8tV5V2myRHNtVnCRTDiaCbrBFhw-aHJs/s1600-h/europa_barcelona+388.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5271013261103252002" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgjMYESbPVqEUVxXDl4m-QXTIwbo5Rf9IuIUkrD1Mak8qefNgUuHQra0G6v0L3cAubN-vY2UYs22SIu7qqh2rd2sLlh0uRDLPy-TjmPSmNGWU8tV5V2myRHNtVnCRTDiaCbrBFhw-aHJs/s400/europa_barcelona+388.jpg" border="0" /></a>
<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio_VV5m4aB4lefYoc36JATxxIaWMfQbnvd30bWmohmmQ9gWpXXxp7u3AktMLgzAZwNbLHchObzXG6QQbdA8r6y-N29zYyC4HHb3qsjfIysPDLEmDfYCibDeemGfOIKejNZqejoSDUVepQ/s1600-h/europa_paris+414.jpg"></a>
<p align="justify"><strong><em>A mosca voava por cima das comidas. Melhor, as moscas voavam por cima da comida.
Eu estava sentado no degrau sob o batente da porta ouvindo a conversa. Às vezes desconfio que eu fosse invisível.</em></strong>
- Como assim? Ela sabia que ele era casado?
- Sabia. Sempre soube.
- Mas que puta. Gente, como pôde ser tão vagabunda?
- Dizem que ela sabia e ainda fazia questão de dizer que ela tinha o homem que queria. Até os casados.
- Tá, mas a mulher dele sabia?
- Sabia. Sempre soube.
- E não falava nada?
- Não. Ela era uma coitada. Dizia que tinha medo de o marido ir embora e deixar ela criar as três crianças sozinha.
<strong><em>Volta e meia se viravam para minha direção, como se fizessem menção em me inserir na conversa. Algo do tipo “você sabia disso?”. Mas nunca falaram comigo. Uma continuou a lavar a louça e a outra a fumar seu cigarro.
</em></strong>
- Tá, mas e daí? Como chegamos a essa situação?
- Qual?
- Essa, de ele ter matado as duas?
- Ah, disse a vizinha que tudo começou no dia em que a esposa criou coragem e foi na casa da amante do marido.
- Meu Deus, Virgem Maria! Ela foi?
- Sim. Ai, dizem que bateu na porta. A outra abriu e convidou ela pra entrar na maior calma. Os vizinhos ficaram todos esperando para separar qualquer briga. Mas uma hora depois, saiu a esposa e foi embora.
- Gente, não estou entendendo. Mas afinal, por que ele matou as duas?
<strong><em>Eu me levantei e resolvi caminhar para a janela que dava sobre a pia. Mas achei melhor ficar ali mesmo, ninguém ia me notar. Elas me olharam novamente, uma pegou o pano de prato e a outra jogou o cigarro em cima da louça suja.</em></strong>
- Então, acontece que naquele dia, no dia que a esposa foi na casa da amante, elas se apaixonaram.
- Não, pára tudo! Pára o mundo que eu quero descer.
<strong><em>Subir, pensava eu. Parem o mundo para ela subir.</em></strong>
- Duas mulheres apaixonadas?
- Sim.
- Uma pela outra?
- Sim, amiga, sapatas. Você acredita?
- Jesus, Maria José. O mundo está perdido. Tá, mas ah, então o marido descobriu?
- Sim, mas dizem que não foi por isso que ele matou as duas e se matou.
- Não? Como assim?
- Então, quando ele descobriu que elas eram amantes. Porque foi assim mesmo, elas se tornaram amantes e a amante não quis mais ele.
- Claro ela descobriu que gostava de outra fruta. Safada.
- Então, a amante meteu o pé nele. Disse que não queria mais. E não explicou nada. Dizem que ele quis fazer escândalo, mas a amante muito esperta disse que se ele incomodasse contava tudo para mulher dele.
- Gente, esperta né?
- Muito, mas ai elas tiveram um caso por nove meses. Enquanto ele e a amante ficaram só dois meses.
- Tá, mas ai eu me perdi. Porque mesmo ele matou as duas e se matou?
- Então, o teu marido não contou nada? Eles eram melhores amigos.
- Não, eu nunca nem toquei no assunto. Eles brigaram um pouco antes dessa história.
- Dizem que um dia alguém mandou uma carta pra ele, avisando que a mulher dele estava indo todos os dias na casa da ex-amante dele. Ai, ele perguntou pra ela e ela falou que ia embora morar com a amante.
- Amante dele?
- Não, né. Amante dela. Ex-amante dele.
<strong><em>Eu sabia que logo eu teria que dizer algo. Estava insuportável ouvir aquela conversa sabendo de toda a verdade. Estiquei o braço pra dentro da cozinha, peguei um papel e um lápis e comecei a desenhar para manter meu controle.</em></strong>
- Hum. Ai ele não aceitou.
- Aceitou. Pior é que aceitou. Foi ai que ele veio falar com teu marido.
- Ah, eu sei. Nesse dia eu tava na casa da mãe fazendo pamonha. Foi o dia que eles brigaram. Acho que ele disse que ia matar ela e o Pai não deixou.
<em><strong>Ela não estava em casa, mas eu estava com o Pai em casa. Nunca entendi porque ela o tratava assim. Nunca entendi. Isso sempre me confundiu. Ela diz que ele quis ser chamado de Pai quando ela engravidou. Aos doze anos achei que era a forma mais fácil, porque ele nos amava da mesma forma.</strong></em>
- Hum.
- Tá, mas o que dizem?
- Olha amiga, o povo faz muita fofoca.
- Eu sei, adoro fofoca.
- Você sabe que eu sou tua amiga de infância, né?
- Ué. O que tem a ver com isso?
- Não sei se devo contar?
- Já começou, agora termina.
- Então, dizem, o povo fala demais, mas dizem que ele veio aqui na frente.
- Hum.
- E que ele falou pro teu marido que ele também tinha o direito de ser feliz.
- Sim. Ele tinha mesmo.
- É... e ele disse que se a mulher dele ia morar com outra mulher, ele também podia morar com outro homem.
- Ah. Então por isso o Pai brigou com ele. Porque ele virou viado.
- É... Acho que foi...
<strong><em>Nessa hora não pude mais me conter. Levantei do degrau da porta. Segurei o lápis com toda minha força e disse:</em></strong>
- Ele não disse isso! Ele foi muito claro. Ele disse que se a mulher dele podia ser feliz com outra mulher, ele também podia ser feliz com a pessoa que ele sempre amou, mesmo que fosse outro homem e que era a hora do Pai dizer a verdade pra senhora.
<strong><em>Ela deixou o prato despencar no chão. Amiga deu meio sorriso cínico e depois fez cara de espanto. Eu em pé na porta quebrei o lápis de tanta força. E já que tinha conseguido falar, resolvi falar o que nunca pude.</em></strong>
- E isso não deve ser novidade pra senhora. Eu venho dizendo desde uns cinco anos que o Pai me faz uns carinhos estranhos. Cinco anos, Mãe! Eu tenho treze. E os carinhos deixaram de ser estranhos pra serem comuns. Ele faz comigo a mesma coisa que faz com você. Quando não faz com você, porque sua cabeça dói, ele faz comigo. Que não posso reclamar. Você sempre soube.
<strong><em>Ela tonteou de vez, derrubou todas as louças do escorredor no chão. A amiga agora sim tinha cara de pavor. Como quem não acredita no que ouve, que nem sabe como contar pro resto da cidade.</em></strong>
- Você não pode mentir isso do Pai!
- Mãe, por que eu mentiria. Nem o amigo dele mentiu. O único que mente aqui é ele.
E a senhora, se continuar acreditando nele.
- Menino, você tem noção do que está... do que está... ai meu Deus... ai Jesus...
- Calma amiga, calma. Ai Misericórdia.
<strong><em>Eu percebi que ela chorava de vergonha por amiga saber, pela cidade saber, mas jamais ia chorar por nunca ter acreditado em mim. Era isso que ela dizia para a amiga enquanto eu me afastava, que ia ficar falada. Eu fui embora da cidade naquele mesmo dia. Nunca mais voltei. Já me sentia forte para encarar os Pais do mundo. Soube muito tempo depois, ouvindo outra fofoca dessas de viajantes, que uma esposa tinha matado o marido, a amiga e se matado na minha cidade. Acho que foi ela. Quanto ao marido que matou a ex-esposa e ex-amante, nunca me esqueci de seus olhos quando saiu da frente da minha casa. Ele não suportou não ser tão feliz quanto elas seriam. E com o Pai ele jamais seria. Nunca fiquei feliz por amores terminarem em desgraça, mas nesse caso... nesse caso sou obrigado a dizer: - GRAÇAS A DEUS!</em></strong></p></div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-57011393915558864852008-06-20T01:49:00.000-07:002008-06-20T02:07:40.230-07:00cinzas cores<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF4IlgByq4DoZYLp7-Y_JHsi_27UE4bsOEz0vRgfQkAuazN25DJ88ocs8dXUFEtnKmcA3beslriJzdx7a97mczt-sZmGCaHHKdOqPjy63tAolOleHFTM8WS7CnAfBW4i3irv6Uzv9Eetc/s1600-h/11mai08_Floripa_122.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5213883572871904130" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhF4IlgByq4DoZYLp7-Y_JHsi_27UE4bsOEz0vRgfQkAuazN25DJ88ocs8dXUFEtnKmcA3beslriJzdx7a97mczt-sZmGCaHHKdOqPjy63tAolOleHFTM8WS7CnAfBW4i3irv6Uzv9Eetc/s320/11mai08_Floripa_122.jpg" border="0" /></a>
<div>Sentado a beira do altar ele chorava. Não eram simples lágrimas de quem se sente só. Eram lágrimas de quem voltou a ser só. </div><div>Praguejar Deus, nem isso adiantaria. Não, nunca existiu nenhum deus.</div><div>Todos foram mortais. Toda crença é mortal. </div><div>Não existe alma. Não existe amor. Existe solidão. Ao menos agora é tudo o que ele enxerga.</div><div>Um enorme vazio. Uma escuridão para andar. </div><div>Voltou seus olhos para os vitrais. </div><div>Cores não havia lá.</div><div>Era uma soma de variantes cinzas e formavam a imagem de uma mulher.</div><div> </div><div>Sorriu. Ele viu a imagem dela. Nua, despedaçada, colada em vidros.</div><div>Cores não havia lá.</div><div>Voltou a chorar quando se percebeu nu. </div><div> </div><div>Vestiu-se. Cueca, meias, calça, camisa, sapatos.</div><div>Vestiu-se de variantes cinzas. </div><div>Sentado enquanto colocava os sapatos olhou para o teto. </div><div>Anjos corriam. Pinturas desgastadas. </div><div>Pensou em tromba-tromba de anjos. Imaginou penas e auréolas esvoaçantes pelo céu. </div><div>Sentiu-se só. </div><div>Frio. </div><div>Apático. </div><div>Morto. </div><div> </div><div>Levantou-se vagarosamente como se fosse feito de pó. </div><div>Ao pó tudo volta. </div><div>Começou a caminhar rumo a porta. </div><div> </div><div>Fileiras de bancos dançavam em seus olhos. </div><div>Eram as lágrimas confundindo a imagem? </div><div>Deu cinco passos. Pensou ouvi-la. </div><div>Parou. Sentiu o calor voltar a seu corpo. </div><div>Viu cores pelas paredes. </div><div>Os sinos tocaram. </div><div>Os anjos quietos o observavam. </div><div>Uma pena caiu do céu. </div><div>Ele virou-se. </div><div>Olhou o vitral colorido. </div><div>Uma profusão de cores combinadas formavam a imagem de uma mulher tocando seu seio. </div><div>Os bancos se jogaram contra as paredes. </div><div>Ele pensava que agora sim ela entraria pela porta lateral. </div><div>Seu coração batia, batia, batia. </div><div>Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum. </div><div>Tirou as mãos úmidas do bolso. </div><div>Apertou uma contra a outra. </div><div>Estava se preparando para sorrir. </div><div>Secou o rosto no ombro. </div><div>
A porta se abriu?</div><div>A porta se abriu! </div><div> </div><div>Uma brisa entrou trazendo uma pena. </div><div>A pena deu duas voltas pelo céu como se guiasse seus olhos. </div><div>Ande, apareça. </div><div>A pena caiu. Apenas o ar entrou. Tomou seu lugar no cenário e parou. </div><div>As cores caíram de todos os lados. </div><div>As cores inundaram o chão e escorreram pelas frestas. </div><div> </div><div>Ele virou-se para a porta central.</div><div>Era uma soma de variantes cinzas. </div><div> </div><div>Bateu a porta com força e jogou-se no mundo. </div><div> </div><div>1 minuto. </div><div>2 minutos. </div><div>3 minutos. </div><div>5 minutos. </div><div>10 minutos. </div><div>15 minutos. </div><div>Ela entrou pela porta. </div><div>Trazia nas mãos a mala. O vestido sujo de barro e a esperança de que ele a tivesse esperado. </div><div>Sentou-se e esperou. Ele nunca voltou. Ela nunca saiu. </div><div> </div><div>Eles se tornaram a soma de variantes cinzas.</div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-36076462110620573202007-11-09T00:26:00.000-08:002007-11-09T01:29:25.195-08:00suicídio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6sb5lgaHtP-UG1TsLA5LOdqOHn2gX9SF_IzqyTM_lcXtPcWqu4X1JJTeQuCBqNtr9C8nHuSI-J6LeQEvwdv3-WXM25sIADxGrQ_wwDAz_cpywRipkfB_msCSM2bsj1Huq0scVLu4IeVM/s1600-h/DSC06999.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5130769265529300898" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6sb5lgaHtP-UG1TsLA5LOdqOHn2gX9SF_IzqyTM_lcXtPcWqu4X1JJTeQuCBqNtr9C8nHuSI-J6LeQEvwdv3-WXM25sIADxGrQ_wwDAz_cpywRipkfB_msCSM2bsj1Huq0scVLu4IeVM/s320/DSC06999.jpg" border="0" /></a>
<div align="left">Hoje acordei com aquela sensação de vazio. </div><div align="left">É como se nada me pertencesse, nada existisse em mim. </div><div align="left">Sinto falta de tudo. Sinto sua falta. </div><div align="left">Novamente as lágrimas voltam. </div><div align="left">Meu rosto desfigurado não tem traços, não sei onde ficam meus olhos. </div><div align="left">
Dias de vazio. Dias de saudade de coisas que não sei explicar. </div><div align="left">
Em dias como esse tudo o que eu queria era ganhar abraços sem motivos. </div><div align="left">Abraços que preencham minha essência. Abraços de braços quentes. </div><div align="left">Abraços dos teus braços.
Eu preciso do calor do sol no meu rosto, como uma planta. </div><div align="left">Vou sair. Vou me jogar de uma ponte. E na queda sem fim, verei minha vida. Tenho certeza que me sentirei bem. Mas me arrependerei quando cair no mar. </div><div align="left">
A vida em cacos. Pedaços de mim espalhados pela água. Fotografias que bóiam antes de sofrerem a força da gravidade e afundarem. </div><div align="left">
Fundo. Profundo. Águas turvas. Falta de luz. Esquecimento. </div><div align="left">E o sol da minha vida não será mais visto. E minha vida revista terá seu final. </div><div align="left">
Caminho mentalmente pela ponte. Analiso as últimas imagens de caos. Faço minha última oração. Peço perdão. Tiro meus sapatos. Deixo-os ao lado do meu corpo, despeço-me dos cadarços que tantas voltas já deram sobre meus pés. Sento-me sobre as pernas. Observo o mar. Espero pelo momento certo. </div><div align="left">
Uma gaivota revoa sobre mim. Será minha única testemunha. Seus olhos frios parecem me dizer: “Seja rápido, não tenho o dia todo”. </div><div align="left">Logo são duas, três, milhares. Elas me observam em um vôo incessante. Movimentos circulares. </div><div align="left">
A vida em círculos. Pedaços de mim espalhados pelo vento. Fotografias que voam por todos os lados no fundo do furacão. </div><div align="left">
Fundo. Profundo. Ventos turvos. Falta de luz. Esquecimento.
E o sol da minha vida não será mais visto. E minha vida revista terá seu final. </div><div align="left">
Jogo-me. Um corpo cai sem vida. E quando o corpo toca a água, escuto o barulho dos estilhaços. </div><div align="left">
Levanto-me da ponte. Novo ser. </div><div align="left">Visto os calçados velhos e novamente amarro os cadarços. Um nó forte. </div><div align="left">Faço um pacto com a nova vida: “Viver-te-ei intensamente”. </div><div align="left">Respiro fundo. As gaivotas sobrevoam corpo que bóia. </div><div align="left">Uma delas volta. Pousa a meu lado e me analisa. </div><div align="left">Os vivos me seguem. </div><div align="left">
Não tive coragem. Mas e aquele corpo? </div><div align="left">Leio o jornal por dias. Procuro pela manchete de um corpo perdido. </div><div align="left">Mas tudo que vejo é caos. </div><div align="left">Caos que sempre amei. </div><div align="left">Não faço mais isso. Prometo. </div><div align="left">Da próxima vez me jogo na frente de um ônibus. Que haja testemunhas humanas.E assim sigo matando o que não gosto em mim.</div>Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2641371973423300382.post-69869900922875638352007-11-09T00:24:00.001-08:002007-11-09T00:24:54.094-08:00Pseudo erótica mente.Abri os olhos.
O dia já havia terminado.
Era noite, uma profunda e triste noite.
O aroma das damas entrava pela janela. Inundava meu quarto. Fechei os olhos.
O escuro continuava, mas existiam aquelas explosões de luz, comuns quando apertamos os olhos com força. De olhos fechados, sentei-me na cama.
Procurei pelo teu corpo.
Nada.
Na cama não há mais ninguém. Apenas um pedaço de mim.
Deitei-me novamente.
Abri os olhos.
Com força procurei por claridade.
Talvez esteja no banheiro. Não. Não há luz acesa em outro lugar da casa.
Virei o rosto. Enfiei a cara no travesseiro.
Ainda sentia teu perfume.
Será que se eu lambesse o lençol? Será que sentiria teu gosto de novo?
Não. Nada. Lambi. Mas nada do teu gosto. Só o perfume no travesseiro.
Puxei o cobertor. Era como se te puxasse pra cima de mim.
O peso no meu peito. O perfume na cabeça.
Fechei os olhos.
Você voltou. Finalmente chegou.
Agora vamos esperar que o dia volte.
Mantenha-me sem dormir.
Enquanto teu perfume estiver aqui, eu posso te ter comigo.
Sinto tua mão no pescoço, dando voltas em meus cabelos.
Sinto tua boca no meu ouvido.
Abri os olhos. Não devia ter feito isso.
Percebi que teu perfume era tudo o que restava.
Foi tudo ilusão.
Agora foi.
Mas teu perfume ainda está no meu travesseiro.Rafael Saldanhahttp://www.blogger.com/profile/14100378941194681032noreply@blogger.com0