Explicações!

Andei um bom tempo egoista. Escrevi só pra mim e só eu saboreei meus textos. E quando menos esparava e vindo de onde eu menos esperava, me cobraram explicações: "Tu abandonou o blog?"
Não, mas achei que ninguém mais lia.
Agora que sei que alguém lê, volto a publicar minhas confusões mentais.
Aproveitem (ou não).
Sal.

Belém, blém...


Por quem os sinos dobram?

Os sinos...

Doces meninos,

Dobram em Belém.



Mas se eu dobrar a esquina,

Curva pequena.

Dobro em você.



É só subir aqui,

Que eu desço ai.

E as sacadas serão os palcos.



Por que os sinos dobram?

Aí, jamais saberemos.

Por suaves venenos,

Vinhos argentinos ou chilenos?


Pontes-aéreas,

Pontes sobre mares,

Ou rios em todos os lugares,

São meros espectadores.



Os dias se passaram,

As mãos se passaram,

As tias continuam nas janelas.



E foram botos, açaís e patuás.

E foram bois e bumbás.

E foram, cada qual para seu norte

E sul.



Mas ficou algo.

Um gosto amargo de crueldade.

O seco do vinho na boca.

O aperto de uma cama pequena.



E fincou algo.

Um espinho que machuca.

Uma mordida na nuca.

Um adeus velado e cru.



Será que volta?

Os sinos da igrejinha da esquina

Não pararam de tocar.

Nem as águas, dos rios e mares,

Pararam de correr.



E como janeiro é mês de chuva no país,

Talvez volte com as águas,

O gosto cruel da boca seca de vinho.

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