Explicações!

Andei um bom tempo egoista. Escrevi só pra mim e só eu saboreei meus textos. E quando menos esparava e vindo de onde eu menos esperava, me cobraram explicações: "Tu abandonou o blog?"
Não, mas achei que ninguém mais lia.
Agora que sei que alguém lê, volto a publicar minhas confusões mentais.
Aproveitem (ou não).
Sal.

Encanto de Sereias


Há quatro anos, eu estava meio entediado das idas e vindas com as quais eu vivia. Foi quando você apareceu. Por hora, esse nariz empinado me fez repensar algumas coisas, ao menos um desejo ali se fincou, como um recado no mural de cortiça. Mas as idas e vindas me tomaram pelos braços e fui. Deixei o rosto angelical em um canto da mente e fui pensar em francês, espanhol e inglês.
E, assim, meio de repente, quatro anos depois, você surgiu. Era um novo recomeço, em português. Reli, ‘Acalentador’, era você. Acho que era bem o que eu precisava; alguém que acalentasse um coração quebrado; já expliquei isso antes para outra pessoa que não entendeu bem.
...
Não me contive, chamei. Veio parcial, cheio de dedos. Tímido. Encanto de sereias que gritam meu nome pelo mar.
Fui ao centro. Não do universo, mas do país. Voltei?
Algo ficou lá, um gosto amargo na boca. Mas a precisão de um ‘acalentador’, desses que te abraçam nas noites de frio e te assopram nas noites de verão, eu precisava.
...
A redundância dos termos, ‘precisão’ vs. ‘precisava’, os verbos e seus significados que brincam em concursos fizeram o encantamento aumentar.
Fobias surgiram, e logo assim! Sem meios termos. A timidez vinha sob um novo véu. Sorri!
Preciso aprender a viver com o novo sigma. TOCs, fobias, medos. Justo a mim?
Eu, tão preso a medos, tão sem graça em público, tão ranzinza com a toalha do banheiro embolada? Você me supera?
Sorri!
E veio o convite para nos vermos. Vimo-nos! A camisa xadrez contrastava com o cardigan de três euros da Primark. O suco de laranja brigou com a cerveja Original sobre a mesa. Mas os sorrisos se viram.
Os cigarros ficaram em casa. Assim como o desejo de não precisa-los. As balas foram no bolso.
Sem armas!
Sem armas!
Sim, fui despido de armadilhas. Era apenas eu, sorrindo. As pedras de Itaguaçu, iluminadas pelas luzes dos bares foram testemunhas. Eu vestia o cardigan, mas estava nu.
Porém, ninguém acredita muito. Os aromas e trejeitos me fazem parecer mais esquina do que sou. Modelo e manequim. Puta para maus entendedores e entendedoras.
O beijo roubado no fim da noite me fez sentir um ladrão. Roubar beijos aos 33 anos é tão estranho. Mas, sorri!
Subi sorrindo. E vieram mensagens. E vieram ligações.
E veio um novo encontro. E um convite para subir. Subir? Como se eu morasse no 13º andar. Mas subiu. E valeu a pena cada segundo no sofá.
Os beijos roubados eram a cada dia mais encantadores.  As sereias e bruxas, as pedras que nos viram quando nos vimos, me faziam pensar no rosto juvenil.
Uma pinta à direita, outra à esquerda. Algumas rugas, posso ver.
O endócrino disse a mesma coisa que eu.
Impulso! 
Mielina, axônios, língua, cordas vocais, partes de um mesmo órgão em mim. Cérebro e boca em uníssono.  
E vieram outros encontros e as diferenças se reforçaram, mas ao mesmo tempo a vontade de te ver aumentou.
- Quem é louco? Eu ou você?
Você ainda não me viu chorar, mas eu choro.
Você ainda não me ouviu cantar, mas eu canto.
Você ainda não me falou de si, mas eu ouço.
Eu quero te rever!
Eu quero ser mais!
Eu quero você!
Você!
...
Tire as suas rédeas e você verá que aqui tem alguém que pode galopar ao seu lado!!!
Eu já sei que você é como um ano bissexto. Mas eu, ah...
Eu sou encanto de sereias que gritam teu nome pelo mar.

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