Explicações!

Andei um bom tempo egoista. Escrevi só pra mim e só eu saboreei meus textos. E quando menos esparava e vindo de onde eu menos esperava, me cobraram explicações: "Tu abandonou o blog?"
Não, mas achei que ninguém mais lia.
Agora que sei que alguém lê, volto a publicar minhas confusões mentais.
Aproveitem (ou não).
Sal.

A súplica de um velho

Sinto-me sufocado. As portas se abrem, penso que será minha vez de ir. Sinto falta do ar puro, sinto saudades da luz do sol. Quisera eu ter minha liberdade novamente. Abriram-se, um momento de indecisão, quem será o liberto de hoje? Sinto a claridade entrar, respiro com força. O ar carregado se renova, as portas continuam abertas. Lembro-me de momentos felizes, quando eu caminhava por aí e mostrava minha juventude aos olhos de cobiça. Faz tempo, faz tempo. Um baile. Dia de festa. Rodei pelo salão até não me agüentar e acabar a noite numa cadeira. Suado. Molhado. Acabei esquecido aqui. Fui me estragando com o tempo. Não respeitaram meus limites, me usaram, me jogaram contra sarjetas, contra pisos frios. A porta continua aberta. Hoje estão indecisos. E se eu gritasse? E se eu pedisse: - Tirem-me daqui!!! Preciso ver os amigos. Preciso sentir novamente o gosto da bebida, mesmo que sejam pingos. Quero sentir a pele macia de uma mulher se roçando em mim. Quero sentir seu perfume invadindo minhas entranhas. Preciso sentir seus lábios me tocarem em uma dança à moda antiga. A respiração ofegante, tão próxima. Ahhh!!! Não fui escolhido. As portas se fecharam. Voltei à escuridão desse espaço apertado. Sinto um desconforto tremendo. Nos apertamos uns contra os outros. Mal cabemos todos juntos. Quando as portas se abrirem novamente eu não esperarei pela minha vez. Prometo me jogar no chão, mesmo que use toda a minha força. E aos pés de alguém gritarei: -Me vista, me use. Estou cansado de ser apenas mais um casaco velho. E se nem assim eu obtiver minha liberdade, juro que me faço em pedaços. Antes um pano de chão do que um paletó velho trancado dentro de um armário.

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