Explicações!

Andei um bom tempo egoista. Escrevi só pra mim e só eu saboreei meus textos. E quando menos esparava e vindo de onde eu menos esperava, me cobraram explicações: "Tu abandonou o blog?"
Não, mas achei que ninguém mais lia.
Agora que sei que alguém lê, volto a publicar minhas confusões mentais.
Aproveitem (ou não).
Sal.

suicídio

Hoje acordei com aquela sensação de vazio.
É como se nada me pertencesse, nada existisse em mim.
Sinto falta de tudo. Sinto sua falta.
Novamente as lágrimas voltam.
Meu rosto desfigurado não tem traços, não sei onde ficam meus olhos.
Dias de vazio. Dias de saudade de coisas que não sei explicar.
Em dias como esse tudo o que eu queria era ganhar abraços sem motivos.
Abraços que preencham minha essência. Abraços de braços quentes.
Abraços dos teus braços. Eu preciso do calor do sol no meu rosto, como uma planta.
Vou sair. Vou me jogar de uma ponte. E na queda sem fim, verei minha vida. Tenho certeza que me sentirei bem. Mas me arrependerei quando cair no mar.
A vida em cacos. Pedaços de mim espalhados pela água. Fotografias que bóiam antes de sofrerem a força da gravidade e afundarem.
Fundo. Profundo. Águas turvas. Falta de luz. Esquecimento.
E o sol da minha vida não será mais visto. E minha vida revista terá seu final.
Caminho mentalmente pela ponte. Analiso as últimas imagens de caos. Faço minha última oração. Peço perdão. Tiro meus sapatos. Deixo-os ao lado do meu corpo, despeço-me dos cadarços que tantas voltas já deram sobre meus pés. Sento-me sobre as pernas. Observo o mar. Espero pelo momento certo.
Uma gaivota revoa sobre mim. Será minha única testemunha. Seus olhos frios parecem me dizer: “Seja rápido, não tenho o dia todo”.
Logo são duas, três, milhares. Elas me observam em um vôo incessante. Movimentos circulares.
A vida em círculos. Pedaços de mim espalhados pelo vento. Fotografias que voam por todos os lados no fundo do furacão.
Fundo. Profundo. Ventos turvos. Falta de luz. Esquecimento. E o sol da minha vida não será mais visto. E minha vida revista terá seu final.
Jogo-me. Um corpo cai sem vida. E quando o corpo toca a água, escuto o barulho dos estilhaços.
Levanto-me da ponte. Novo ser.
Visto os calçados velhos e novamente amarro os cadarços. Um nó forte.
Faço um pacto com a nova vida: “Viver-te-ei intensamente”.
Respiro fundo. As gaivotas sobrevoam corpo que bóia.
Uma delas volta. Pousa a meu lado e me analisa.
Os vivos me seguem.
Não tive coragem. Mas e aquele corpo?
Leio o jornal por dias. Procuro pela manchete de um corpo perdido.
Mas tudo que vejo é caos.
Caos que sempre amei.
Não faço mais isso. Prometo.
Da próxima vez me jogo na frente de um ônibus. Que haja testemunhas humanas.E assim sigo matando o que não gosto em mim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu amei o que escreveu. simplesmente fabuloso. parabéns.

Andréa Wollmann

Anônimo disse...

uma fã.